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Estudo oficial britânico confirma que minorias étnicas correram mais risco de vida com covid-19

02 de junho de 2020 às 22:29

Relatório reconheceu a discrepância, mas não sugeriu nenhuma recomendação e o governo não ofereceu nenhuma solução, suscitando preocupações de que pessoas de origem negra, asiática e de outras minorias enfrentem um risco desproporcional se houver uma segunda vaga de casos de coronavírus.

Pessoas de minorias étnicas morreram em números relativamente maiores em Inglaterra do que compatriotas brancos durante a pandemia decovid-19, segundo um estudo publicado esta terça-feira pelas autoridades de saúde.

Um relatório da Direção Geral da Saúde de Inglaterra reconheceu a discrepância, mas não sugeriu nenhuma recomendação e o governo não ofereceu nenhuma solução, suscitando preocupações de que pessoas de origem negra, asiática e de outras minorias enfrentem um risco desproporcional se houver uma segunda vaga de casos de coronavírus.

O ex-vice-presidente da Associação de Médicos Britânica, Kailash Chand, receia que o relatório possa ser visto como um "branqueamento" por não apresentar recomendações e que tenha sido feito para "mostrar que eles pareciam estar a fazer alguma coisa".

O estudo, encomendado pelo governo britânico em abril, no auge da epidemia no Reino Unido, descobriu que as pessoas originárias do Bangladesh tinham cerca de duas vezes mais probabilidades de morrer com o vírus do que os britânicos brancos.

Refere também que pessoas de origem chinesa, indiana, paquistanesa e outros asiáticos, caribenhos e outros negros também correm um risco entre 10 a 50% maior de morrerem desta doença.

O ministro da Saúde, Matt Hancock, admitiu, durante a conferência de imprensa diária do governo sobre a crise, que é indiscutível que "ser negro ou pertencer a uma minoria étnica é um importante factor de risco" na pandemia.

"Esta é uma publicação particularmente oportuna porque, em todo o mundo, as pessoas estão zangadas com a injustiça racial", acrescentou, numa referência à agitação civil registada nos Estados Unidos em protesto pela morte deGeorge Floyd, um homem negro sufocado durante a detenção pela polícia.

"Eu percebo", disse Hancock, sobre a raiva das pessoas, acrescentando, repetindo o nome da campanha ‘Black Lives Matter’: "A vida dos negros é importante".

Hancock prometeu que o governo vai investigar os problemas nas próximas semanas e meses, mas o Partido Trabalhista, a principal força da oposição, urgiu o governo a agir agora para proteger grupos de minorias étnicas.

"O governo não deve esperar mais para mitigar os riscos enfrentados por essas comunidades", afirmou Marsha de Cordova, porta-voz dos trabalhistas para as questões da Igualdade.

O estudo não levou em consideração factores como a obesidade, outro factor de risco, nem as actividades das vítimas, mas constatou que a taxa de mortalidade é elevada entre profissionais de saúde, segurança e motoristas de transportes rodoviário, muitos dos quais têm origem étnica.

Ainda assim, confirmou que o maior factor de risco em morrer de covid-19 é a idade, sobretudo entre pessoas com 80 anos ou mais, e que os homens têm duas vezes mais probabilidades de morrer do que as mulheres.

O Reino Unido registou mais 324 mortes nas últimas 24 horas, quase o triplo do dia anterior, fazendo o total de óbitos durante a pandemia covid-19 subir para 39.369 pessoas, informou hoje o ministério da Saúde.

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