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Eleições na Bolívia seguem para segunda volta depois de duas décadas de domínio da esquerda

Débora Calheiros Lourenço 18 de agosto de 2025 às 10:59

A segunda volta realiza-se a 19 de outubro e coloca o centrista Rodrigo Paz contra o ex-presidente de direita Jorge Quiroga.

As eleições presidenciais da Bolívia, que decorreram no domingo, vão ter uma segunda volta depois de nenhum dos candidatos ter conseguido alcançar a maioria. A fragmentação dos votos e o crescimento da direita sinalizam uma reviravolta no país que há duas décadas que era liderado pela esquerda.  
Eleições na Bolívia: voto popular em La Paz, Jesus de Machaca AP Photo/Juan Karita
O senador Rodrigo Paz, centrista, conseguiu atrair mais votos do que os seus concorrentes de direita, mas não os suficientes para conseguir uma maioria, o que obrigará os bolivianos a recorreram à segunda volta pela primeira vez desde que o país regressou à democracia, em 1982.   Na segunda volta, que se vai realizar a 19 de outubro, Rodrigo Paz vai enfrentar Jorge “Tuto” Quiroga, ex-presidente de direita que conseguiu o segundo lugar.   A campanha de Rodrigo Paz ganhou força nas últimas semanas, depois de se unir a Edman Lara, um ex-capitão da polícia com contactos nos meios de comunicação, que reunia o apoio evangélico e reconhecido no país como alguém capaz de enfrentar os problemas de corrupção nas forças de segurança. No final da noite de domingo, quando 91% dos votos estavam apurados, Rodrigo Paz tinha 32,8% dos votos, Jorge Quiroga 26,4% enquanto o candidato do atual partido no poder ficou em sexto lugar apenas com 3,2% dos votos.  O Movimento ao Socialismo (MAS) governou a Bolívia quase ininterruptamente desde que o seu fundador, o ex-presidente Evo Morales, chegou ao poder no início dos anos 2000, altura em que a América Latina foi conquistada por uma onda de líderes de esquerda. Durante os cerca de 14 anos que esteve no poder, Morales expandiu os direitos da maioria indígena do país, defendeu os produtores de cocaína contra os programas de erradicação apoiados pelos Estados Unidos e investiu os lucros do gás natural em programas sociais. No entanto, as suas tentativas cada vez mais autoritárias de prolongar a sua presidência, e as acusações de que mantinha relações com raparigas menores, alteraram a opinião pública contra si e mancharam a imagem do partido.   Esse descontentamento aumentou ainda mais depois de a economia da Bolívia, antes estável, ter entrado em crise e a inflação ter chegado aos 25% no mês passado. O atual presidente, Luis Arce, e o histórico Evo Morales entraram numa disputa interna pela liderança do MAS, o que fragmentou o partido e aumentou as chances da oposição afastar os socialistas do poder. 
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