Depois de oito tentativas, Nigel Farage conseguiu ser eleito deputado
Fundador do Partido Reformista derrubou uma maioria conservadora conquistando Clacton, em Essex, no sudoeste de Inglaterra. Um dos principais rostos do Brexit chega ao parlamento britânico depois de ter sido eurodeputado.
Nigel Farage, antigo eurodeputado britânico e atual líder do Partido Reformista, foi eleito pela primeira vez para o parlamento inglês. O seu partido conseguiu eleger quatro deputados nas eleições de 4 de julho, onde ostrabalhistas voltaram ao governo, 14 anos depois.
O fundador dos reformistas, partido de direita populista, derrubou uma maioria conservadora que só chegou aos 12.820 votos, conquistando Clacton, em Essex, no sudoeste de Inglaterra, por mais de 8 mil votos, 21.225. Com 46,7% dos votos, superou o conservador Giles Watling, que ficou com 27,9%, e o trabalhista Jovan Owusu-Nepaul, com 16,2%.
Com quase todos os resultados fechados, o partido Reformista também venceu em Ashfield, nas East Midlands, onde os conservadores foram empurrados para quarto lugar, e em Great Yarmouth, na East Anglia, onde os conservadores foram relegados para terceiro lugar.
Richard Tice, presidente do Partido Reformista, ganhou o círculo eleitoral de Boston e Skegness, em Lincolnshire, chamando-lhe "o dia mais orgulhoso" da sua vida. Já Rupert Lowe, antigo presidente do clube de futebol Southampton, também ganhou um lugar em Great Yarmouth, que tem estado nas mãos dos conservadores desde 2010. O antigo vice-presidente conservador Lee Anderson teve êxito em Ashfield.
Nigel Farage, um dos principais impulsionadores da decisão britânica de deixar a União Europeia, só entrou na corrida no mês passado. O partido Reformista, fundado como Partido do Brexit em 2018 e rebatizado em 2022, nunca tinha ganhado nenhum lugar numa eleição.
Num discurso proferido após o anúncio dos resultados, Nigel Farage afirmou que se tratava do "primeiro passado de algo que vos vai surpreender a todos". "Há uma enorme lacuna no centro-direita da política britânica e o meu trabalho é preenchê-la, e é exatamente isso que vou fazer", afirmou após ser declarado vencedor do seu círculo eleitoral. "Vamos atacar os trabalhistas, não tenham dúvidas sobre isso."
Nigel Farage excluiu a possibilidade de trabalhar no parlamento com o partido conservador, mas abriu a porta a que os deputados conservadores se juntem aos reformistas. O mesmo afirmou aos jornalistas que os deputados conservadores devem fazer parte da tradição de "uma nação" e ficar onde estão, enquanto outros devem procurar a Reforma e "juntar-se à equipa".
"Eles estão tão divididos. Passaram os últimos quatro anos a lutar uns contra os outros, por isso só Deus sabe como é que vão ficar agora", afirmou.
Assumiu o compromisso de tornar o Partido Reformista a principal força de oposição em 2029, substituindo os conservadores, referindo que queria "falar alto" e "desafiar o governo". "O que tenciono liderar é uma revolta política. Um virar de costas ao estado atual da política. Não está a funcionar, nada deste país funciona."
O Reino Unido foi às urnas na quinta-feira, dia 4, tendo os resultados eleitorais revelado a vitória do partido Trabalhista, obtendo uma maioria absoluta no Parlamento de 650 lugares, derrubando assim o partido Conservador que se encontrava no poder há 14 anos.
O primeiro-ministro britânico e líder do partido Conservador, Rishi Sunak, já veio afirmar num discurso que se iria encontrar com o Rei Carlos para se demitir formalmente esta sexta-feira, e ainda do cargo de líder do partido.
"Ao país, gostaria de dizer, antes de mais, que lamento. Dei tudo por este trabalho, mas enviaram um sinal claro de que o governo do Reino Unido tem de mudar. E o vosso é o único julgamento que importa", disse Rishi Sunak num discurso dirigido aos eleitores à porta do gabinete do primeiro-ministro em Downing Street. "Na sequência deste resultado, demitir-me-ei do cargo de líder do partido, não imediatamente, mas assim que estiverem concluídas as disposições formais para a seleção do meu sucessor. É importante que, após 14 anos no governo, o Partido Conservador se reconstrua, mas também que assuma o seu papel crucial na oposição de forma profissional e eficaz."
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