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Demite-se chefe da polícia de Malta acusado de falhas no caso Caruana Galizia

17 de janeiro de 2020 às 13:48

Cutajar, nomeado em 2016, afirmou na sua carta de demissão que se afasta "para que possam ser realizadas as necessárias mudanças na polícia".

O chefe da polícia de Malta, Lawrence Cutajar, demitiu-se hoje depois de um polémico mandato marcado por críticas, nomeadamente do novo primeiro-ministro maltês, à forma como dirigiu a investigação ao assassínio da jornalista Daphne Caruana Galizia.

O chefe do governo, Robert Abela, em funções há apenas quatro dias, anunciou em conferência de imprensa a demissão de Cutajar, reclamada há muito pelos familiares de Daphne Caruana.

Um dos filhos da jornalista, Paul, celebrou a notícia no Twitter: "Riram-se de nós quando, um dia depois de a minha mãe ser assassinada, pedimos a demissão do primeiro-ministro e do chefe da polícia. Vejam como caem".

Robert Abela acedeu ao cargo após a demissão de Joseph Muscat por acusações de interferência política na investigação e ligações de colaboradores seus ao crime.

Cutajar, nomeado em 2016, afirmou na sua carta de demissão que se afasta "para que possam ser realizadas as necessárias mudanças na polícia", segundo o primeiro-ministro.

A família da jornalista e movimentos cívicos acusam Cutajar de incúria na condução de investigação e de não ter protegido adequadamente a jornalista, que era alvo de ameaças, antes do crime.

Uma das principais críticas tem a ver com a inação de Cutajar no caso da falência do banco maltês Pilatus, cujo presidente, o iraniano Ali Sadr Hasheminejad, denunciado pela jornalista por casos de corrupção em Malta, foi depois detido nos Estados Unidos e acusado de branqueamento de capitais.

Ficaram famosas em Malta as imagens que mostram Cutajar a sair de um restaurante onde jantava com colegas enquanto na televisão passavam imagens do presidente do Pilatus a sair por uma porta das traseiras do banco com duas malas nas mãos.

Daphne Caruana Galizia, que investigava casos de corrupção na elite política e empresarial do país, foi morta a 16 de outubro de 2017 com um engenho explosivo colocado no seu automóvel em Bidnija, onde vivia.

Três homens foram formalmente acusados do homicídio da jornalista.

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