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Curandeiro condenado por homicídio involuntário de mulher diabética

Gabriela Ângelo 06 de dezembro de 2024 às 17:28

Hongchi Xiao foi condenado a 10 anos de prisão pela morte da inglesa Danielle Carr-Gomm, diabética de 71 anos que tinha deixado de tomar insulina num dos seus retiros que promovia “terapia de chapadas”.

O curandeiro Hongchi Xiao foi condenado a 15 anos de prisão, depois de já ter sido declarado culpado de negligência na morte de Carr-Gomm durante um dos seus retiros paida lajinno condado de Wiltshire em Inglaterra, em outubro de 2016. Ela tinha sido diagnosticada com diabetes tipo 1 em 1998 e procurava alternativas para a insulina, uma vez que era vegetariana e tinha medo de agulhas.

Wiltshire Police

O juiz Justin Bright anunciou esta sexta-feira o veredito que condenou o acusado a 10 anos de prisão efetiva, com um período de licença de cinco anos descontados pelos períodos em que esteve a aguardar a extradição da Austrália e em prisão preventiva antes do seu julgamento. Durante a sessão, o juiz descreveu Xiao como o "inventor do paida lajin", também conhecido pela terapia das chapadas. Disse ainda que tinha "a certeza" de que Xiao continuaria com esta prática na prisão e após a sua libertação, podendo encorajar os seguidores a reduzir a sua medicação, levando à conclusão de que era uma pessoa perigosa.

Num vídeo partilhado no YouTube é possível ver Xiao a ensinar a terapia da chapada, gritando "faz mais, faz mais, dá tudo", a uma mulher que fica repetidamente a dar chapadas no seu braço. 

O procurador do caso argumentou que Xiao, que era tratado como "mestre" pelos seus seguidores, tinha o dever de curar Carr-Gomm, não tendo tomado medidas razoáveis para encorajar a sua toma de insulina e para pedir ajuda profissional. Quando ela ficou gravemente doente, chorando no chão de dor e fraqueza, Xiao atribuiu a situação a uma "crise de cura". 

Também foi argumentado que o curandeiro deveria estar ciente do perigo no qual estava a colocar a vítima uma vez que, no ano anterior à sua morte, um menino de seis anos com diabetes tipo 1 também morreu num retiro com terapia de chapadas na Austrália, depois de Xiao dito à mãe da criança que parasse de lhe dar insulina. Acabou também condenado por homicídio por negligência devido à morte do menino. 

Xiao não tem qualificações ou formação médica, era um praticante desta terapia há 10 anos e tinha escrito um livro sobre ela, mas esta não é reconhecida pela associação de medicina tradicional chinesa.

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