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Covid-19: Não haverá vacina ou tratamento "nos próximos meses"

12 de maio de 2020 às 08:16

Especialista do centro europeu de doenças recorda que "é preciso haver uma produção segura, fazer a distribuição, priorizar a quem dar primeiro", destacando ser "muito mais provável que isso só aconteça em 2021".

OCentro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças(ECDC) alerta que não haverá vacina ou tratamentos para acovid-19nos próximos meses, sendo "muito provável" que só cheguem em 2021, aconselhando a "cautela" no levantamento das medidas.

"Muitos especialistas [estão empenhados] e muito dinheiro está a ser aplicado na descoberta de vacinas e de tratamentos e, apesar de haver algumas opiniões mais otimistas, isso não acontecerá tão depressa", diz em entrevista à agência Lusa, o especialista principal do ECDC para resposta e operações de emergência, Sergio Brusin.

"Não é algo que vai acontecer nos próximos meses", reforça o perito.

Aludindo às várias investigações em curso, dentro e fora da Europa, Sergio Brusin nota que, apesar de alguns testes em humanos para potenciais vacinas estarem já a avançar, "para haver produção suficiente para distribuir por toda a gente na Europa serão precisos vários meses, não é algo que poderá ser feito rapidamente".

"É preciso haver uma produção segura, fazer a distribuição, priorizar a quem dar primeiro", elenca, destacando ser "muito mais provável que isso só aconteça em 2021".

Aqui entra também a incógnita que este novo coronavírus ainda é para os especialistas, visto que, por ser um surto novo, não se sabe "se as vacinas ou tratamentos a serem criados irão proteger apenas por uma temporada, como as vacinas da gripe, ou se será algo que irá proteger por mais tempo", explica Sergio Brusin à Lusa.

Por isso, "de momento, é preciso continuar a fazer" o que está a ser feito, "nomeadamente [manter] o distanciamento físico e social, o rastreamento de contactos", entre outras medidas, defende.

"E se uma vacina for descoberta no final deste ano, início do próximo, e se a produção arrancar logo, então no próximo ano talvez possamos estar mais otimistas", adianta o especialista.

De acordo com Sergio Brusin, "ligeiramente mais otimista" é agora o retrato da pandemia na Europa, pelo menos face há algumas semanas, razão pela qual o especialista recomenda aos países que sejam "cautelosos" e "vigiem" o levantamento das medidas restritivas.

Em cerca de 20 países europeus, entre os quais Portugal, "foi já possível estabilizar o aumento em termos de números", pelo que "a pandemia na Europa está, lentamente, a abrandar", explica o responsável.

"Isto mostra que as medidas adotadas pelas várias autoridades, incluindo pelos Estados-membros, estão a resultar e agora temos de ser muito ponderados e começar a levantar algumas das restrições para ver o que acontece", alerta.

E recomenda: "É preciso ser cauteloso no levantamento das medidas e isso só pode ser feito se [os países] monitorizarem realmente a situação de forma muito próxima para que, antecipadamente, possam reimpor algumas das medidas se for necessário".

Ainda assim, isto não significa que a covid-19 já esteja controlada na Europa.

"Definitivamente que ainda não estamos a conseguir controlar, mas o número de casos também não está a aumentar como estava a acontecer", ressalva Sergio Brusin.

Existem, porém, países "onde este decréscimo ainda não está a acontecer e não se sabe se foi por causa da tardia implementação de medidas ou se existem outras razões", entre os quais Suécia, Reino Unido ou Bulgária, adianta o especialista à Lusa.

A Europa é a região mais afetada do mundo pela pandemia, tendo já ultrapassado as barreiras das 150 mil mortes em milhões de casos.

Sediado na Suécia, o ECDC é um organismo da União Europeia que ajuda os países a preparar a resposta a surtos de doenças.

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