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Conclusão da missão na Guiné-Bissau mostra "algo de bom a acontecer em África"

23 de dezembro de 2020 às 07:11

O presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas no mês de dezembro disse que o encerramento da missão política na Guiné-Bissau é bom sinal.

O presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas no mês de dezembro, Jerry Matjila, disse à Lusa que o encerramento da missão política na Guiné-Bissau significa que "há algo de bom a acontecer em África".

Jerry Matjila, representante permanente da África do Sul junto das Nações Unidas, afirmou, em conferência de imprensa na sede da organização, em Nova Iorque, que está satisfeito com o progresso do Gabinete Integrado para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (Uniogbis), que culmina com o encerramento, no próximo dia 31, depois de 21 anos em atividade.

Em resposta à agência Lusa, o representante sul-africano elogiou o encerramento das missões políticas da ONU na Guiné-Bissau e no Burundi e a transferência de recursos para as respetivas equipas de coordenação nacionais: "Acreditamos que estes dois processos indicam que há algo de bom a acontecer em África".

"Estamos satisfeitos com os relatórios, com a forma como as coisas se mexeram (...) por chegarmos a um ponto em que podemos dizer [à Guiné-Bissau]: estão por vossa conta, vamos apoiar-vos, mas por favor, estejam unidos", acentuou o presidente do Conselho de Segurança da ONU durante o mês de dezembro.

Para Jerry Matjila, é importante que toda a comunidade da Guiné-Bissau esteja unida e em constante diálogo, para procurar um futuro melhor nesse país que é "gigante em recursos naturais e com tantos recursos marinhos".

"Tal como o resto da África ou como Cabo Verde, Guiné-Bissau pode ter um futuro melhor", sublinhou, em resposta à questão da Lusa.

O sul-africano lembrou que o Conselho de Segurança fez uma visita oficial a Guiné-Bissau no ano passado, onde se reuniu com "todas as partes políticas, parlamento, Presidente, ministros, partidos políticos, juventude e políticos".

"Dissemos que o destino da Guiné-Bissau está nas suas próprias mãos", sublinhou Jerry Matjila, acrescentando que a União Europeia (UE), Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO), ONU, União Africana ou países de língua portuguesa têm poderes limitados, "mas o resto está nas próprias mãos" do país.

A presença de mais de 20 anos da Uniogbis na Guiné-Bissau incluiu a realização de eleições e o estabelecimento da paz, enquanto os recursos das Nações Unidas eram mobilizados e integrados no país, em linha com objetivos do desenvolvimento sustentável.

A missão política da ONU na Guiné-Bissau foi criada em 1999 na sequência do conflito político-militar no território. Depois de 21 anos, a cerimónia de encerramento da missão foi realizada este ano, em 11 de dezembro.

O processo de desenvolvimento do país vai continuar a ser acompanhado através do representante especial das Nações Unidas para a África Ocidental e pelo coordenador residente das agências da ONU no país.

No mês de dezembro, a intenção de Jerry Matjila foi fazer o Conselho de Segurança "ouvir África", defendendo a implementação "do conteúdo e espírito" do capítulo oitavo da Carta das Nações Unidas, sobre o papel e mobilização das organizações regionais, como União Africana, em conflitos regionais.

O presidente cessante do Conselho de Segurança defendeu que os cinco membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), têm de reconhecer a importância das organizações regionais e sub-regionais no continente africano.

Tendo sido o foco da África do Sul como presidente do Conselho de Segurança dar mais atenção ao continente africano, processos como o da Guiné-Bissau indicam que "os líderes africanos estão a assumir a responsabilidade, com os seus povos, para resolver complicações de longo termo", disse Jerry Matjila.

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