Secções
Entrar

Bulgária prepara-se para entrar na Zona Euro na sombra de (mais) uma crise política

Negócios 28 de dezembro de 2025 às 18:08

O país prepara-se para eleger o oitavo Governo desde 2021 e vê-se a braços com campanhas de desinformação russas que têm minado a confiança na moeda única europeia.

Desde o verão que a data está marcada: a 1 de janeiro de 2026, a Bulgária vai juntar-se ao grupo de países que utilizam o euro como moeda única, tornando-se o 21.º país da Zona Euro. Mas agora que a data se aproxima, a confiança dos búlgaros vacila, minada por uma crise política e uma campanha de desinformação russa.
22-07-2013_11_43_42 euro europa moeda bruxelas
Um escândalo de corrupção encheu as ruas de protestos, culminando na demissão do primeiro-ministro, Rosen Zhelyazkov, este mês - a poucas semanas da tão aguardada mudança do lev búlgaro para o euro. Zhelyazkov estava no cargo há menos de um ano, com um Governo minoritário. Agora, o país terá de ir a votos pela oitava vez desde 2021.
O colapso de mais um Executivo foi o saldo dos maiores protestos registados nas últimas décadas - contra o orçamento para 2026, que muitos viram como injusto e motivador de aumentos de impostos, mas também, em termos mais amplos, por uma profunda insatisfação com o sistema e o que entendem ser um problema crónico de corrupção. Este cenário de tensão política está a contagiar o abertura dos búlgaros em relação ao euro. Em junho, quando a adesão à Zona Euro foi aprovada pela Comissão Europeia, deputados do partido de extrema-direita pró-russo Renascimento reagiram de forma violenta, impedindo mesmo o acesso ao pódio da Assembleia Nacional da Bulgária - quando outros deputados, de outros partidos, tentaram desbloquear o acesso, foram empurrados e gerou-se um confronto físico. Para lá de posições partidárias mais acessas, muitos búlgaros receiam que o euro vá fazer subir os preços, num país onde o salário médio é de cerca de 1.200 euros. Um inquérito recente do Ministério das Finanças, citado pelo Guardian, indica de 51% dos cidadãos estão a favor da adoção da moeda única, 45% estão contra.
45%
Um inquérito recente feito pelo Governo búlgaro mostra que 45% dos cidadãos estão contra a adesão à moeda única europeia
Em Bruxelas, a expectativa é que o euro dê força à economia da Bulgária, um dos países mais pobres da União Europeia. Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, afirmou que com o euro, o país terá mais comércio, mais investimento e mais "empregos de qualidade e redimentos reais". A entrada na Zona Euro é também vista como uma forma de reforçar o percurso pró-Ocidente da Bulgária, numa altura em que a ofensiva russa na Ucrânia gerou incerteza e tensão geopolítica. Sem surpresa, há dados que indicam que a Rússia tem tentado interferir no processo. Campanhas das redes sociais, levadas a cabo por uma rede russa, têm tentado minar o apoio ao euro e espalhar desinformação. Questionado sobre a influência russa na opinião pública no que toca ao euro, comissário europeu para a economia Valdis Dombrovskis não hesitou em dizer que  "não é segredo" que a Rússia está a levar a cabo uma guerra híbrida contra a Europa. "Trata-se de provocações, atos de sabotagem, violação do espaço aéreo europeu, interferência nos processos políticos da União Europeia e também de outros países, além da disseminação de desinformação, afirmou.
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela