Ban Ki-Moon: "O ISIS está a propagar-se como um cancro"
Secretário-geral da ONU considera que os países devem "pôr a prevenção em primeiro plano", porque um reforço da segurança e uma resposta militar não são, por si só, suficientes para derrubar este flagelo
O grupo extremista Estado Islâmico "está a propagar-se como um cancro" por todo o mundo, alertou esta sexta-feira o secretário-geral da ONU, enquanto o mediador da organização para a Síria comparava os jihadistas ao vírus Ébola.
"O ISIS [acrónimo inglês para designar o grupo jihadista Estado Islâmico] e todos os outros extremistas estão actualmente a propagar-se como um cancro por todo o mundo", declarou Ban Ki-Moon à imprensa, por ocasião de uma conferência internacional, em Genebra, sobre a prevenção do extremismo violento.
Por isso, frisou, "devemos pôr a prevenção em primeiro plano nos nossos esforços. Existem provas que mostram que um reforço da segurança e uma resposta militar não são, por si só, suficientes para derrubar este flagelo".
Falando na conferência de Genebra, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, explicou que enquanto a comunidade internacional deixar que um conflito se prolongue, o EI ou o "terrorismo internacional" vão aí infiltrar "o seu ADN".
"Eles são oportunistas, são como o Ébola. Estão à procura de um corpo frágil e penetram nele", afirmou, sublinhando todavia que é possível detê-los graças a diversos "medicamentos", como desenvolver a cooperação internacional, ajudar as populações, elaborar uma solução política, dar uma resposta militar e de segurança e impedir os terroristas de ter acesso ao seu financiamento.
Na conferência, que reuniu desde quinta-feira mais de 600 pessoas, entre as quais cerca de 30 ministros e vice-ministros, Ban Ki-moon apelou aos Estados para que apliquem políticas nacionais assentes nas cerca de 70 recomendações do plano de acção contra o extremismo violento apresentado pela ONU em Janeiro.
Tais recomendações, que são muitas vezes bastante vagas ou foram já aplicadas em diversos países, vão de acções para combater a radicalização dos jovens a "programas de readaptação" dos estrangeiros recrutados por grupos jihadistas, passando por "uma polícia de proximidade".
Os líderes religiosos são instados a pregar a tolerância e as empresas fornecedoras de internet -- utensílio predilecto da propaganda extremista -- são simplesmente "convidadas a apoiar as iniciativas de prevenção".
O secretário-geral da ONU indicou que vai criar "um grupo de acção de alto nível mobilizando todo o sistema das Nações Unidas" para concretizar "os esforços" exigidos pelo plano de acção e exortou os Estados a "uma maior cooperação internacional".
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