Quem será, este ano, o grande vencedor d'O Último a Rir?
A 4.ª edição do concurso promovido pela SÁBADO procura vozes capazes de transformar o quotidiano em comédia. As inscrições estão abertas e os mentores encontrados. Procura-se o futuro do humor.
Marco Horácio, Sofia Bernardo e Miguel Sete Estacas regressam como mentoresPedro Ferreira
Temos por hábito dizer que rir é o melhor remédio. Não cura maleitas, tanto quanto se saiba mas, se assim o é, temos de olhar para o fazer rir como um ato de coragem: exige exposição, entrega, habilidade em pegar no quotidiano - por vezes banal - e devolvê-lo em forma de espelho, inesperado e luminoso. Ou desastroso. É essa a essência de O Último a Rir, concurso promovido pela revista SÁBADO, que regressa em 2025 para a sua quarta edição, trazendo consigo a promessa de descobrir novas vozes capazes de sobressair na comédia em Portugal.
Mais ou menos inglória, a peregrinação faz-se de etapas. As inscrições, abertas até terça-feira, 30 de setembro, são o convite para que os candidatos e candidatas arrisquem a sua sorte em três minutos num casting em vídeo que deve ser enviado para o site oficial do concurso (www.oultimoarir.sabado.pt). Os ingredientes são simples: autenticidade, a língua portuguesa como veículo, a coragem de se dar a conhecer e, se possível, material original e hilariante para cumprir o propósito.
Dagu (Daniel Silva) foi o primeiro vencedor do concurso, em 2022Mariline Alves
Depois, vêm os encontros. Vinte e quatro semifinalistas serão chamados a palco, espalhados por quatro cidades, de Guimarães a Vila Nova de Gaia, de Lisboa a Tavira, sob o olhar atento de Marco Horácio, Miguel Sete Estacas e Sofia Bernardo, que regressam como mentores. Cada um escolherá os seus protegidos, moldando equipas que, em palco, estão incumbidas de mostrar ao público que há futuro na stand-up comedy portuguesa.
Segue-se a fase de mentorias, entre 27 e 31 de outubro, em Lisboa. Ali, longe das luzes e dos aplausos, começa o trabalho. É o lugar onde o improviso se treina, onde o erro se afina, onde se lapida a palavra, se faz do palco casa e se aprende a enfrentar o holofote a bater nos olhos. Marco Horácio, Miguel Sete Estacas, e Sofia Bernardo serão os principais cicerones desta fase de eliminação em que só dois candidatos de cada equipa avançam.
Em 2023, Sérgio Lopes sagrou-se vencedor da segunda ediçãoMariline Alves
Eis, então, a última travessia. A grande final em Lisboa, ainda com data e local por anunciar, será o momento de confronto e celebração entre os seis aspirantes a grande vencedor. Sete é o número de minutos que os finalistas terão para mostrar ao júri e ao público que o riso, além de possível cura, também vale prémios. Em jogo está a originalidade, qualidade de texto e capacidade de interpretação de cada um, qualidades que Dagu, Sérgio Lopes e João Dias, vencedores das primeiras três edições do concurso, souberam reunir.
A tarefa pode parecer simples, mas há, em O Último a Rir, algo que ultrapassa a mecânica de concurso. O dar espaço ao improviso, permitir que desconhecidos possam experimentar a vertigem de se verem, de repente, diante de uma plateia. É também a confirmação de que o humor, embora muitas vezes tratado como uma arte menor, tem a densidade de um ofício: escreve-se, testa-se, falha-se, até se encontrar a cadência certa para arrancar gargalhadas.
Cada edição trouxe rostos que se transformaram em nomes e nomes que se transformaram em carreiras. Dos jovens que começaram por publicar vídeos nas redes sociais aos candidatos que, à maneira antiga, percorrem bares e cafés em noites de microfone aberto, o concurso é também ponto de encontro de gerações.
João Dias levou a guitarra ao palco e assim venceu a terceira ediçãoPedro Ferreira
É nesse choque de linguagens que reside a riqueza da competição. Cada mentor tem a sua escola, o seu ritmo, a sua forma de entender o humorm e cada protegido terá de dialogar com esse olhar, sem perder a sua própria identidade. É, afinal, o jogo essencial da comédia, a tensão entre quem somos e o que mostramos.
Rito de passagem e lugar de encontro entre tradições e estéticas do humor, O Último a Rir é palco aberto a todos os que acreditam que a comédia é mais do que entretenimento. É resistência, celebração, e também bússola em tempos que parecem pouco dados ao humor.