Serena, Samuel L. Jackson e Drake: a atuação de Kendrick Lamar no Super Bowl
Kendrick usou o maior palco dos EUA para declarar vitória na disputa com Drake, interpretando temas como "Euphoria" e "Not Like Us". "Game over", decretou. Veja a atuação na íntegra.
Cantaria ou não Kendrick Lamar o seu maior single de sempre, "Not Like Us", no Half-Time Show? Era esta a pergunta que circulava entre os fãs antes do altamente cobiçado e televisionado espetáculo de intervalo do Super Bowl, a final do campeonato da NFL - talvez o mais mediatizado palco do mundo.
Apesar do sucesso inegável do tema, distinguido na semana passada com cinco Grammys - tornando-se a mais condecorada canção de hip-hop de todos os tempos -, a questão mantinha-se devido às questões judiciais que a (polémica) letra do tema levantou, o culminar de uma dura e muito pessoal disputa (em inglês, o vulgo beef) em que Lamar acusa explicitamente Drake de pedofilia e parasitismo da cultura negra americana.
Em última análise, a inclusão da canção na atuação era inevitável, ainda que algumas concessões tenham sido feitas: foram cortados os palavrões e epítetos raciais, bem como a palavra "pedófilo" (com que Kendrick visava Drake na gravação), mas o teor da canção - um manifesto de supremacia de um rapper sobre o outro e a celebração do rap da costa oeste americana - fez-se sentir com o mesmo fulgor.
Foi o ponto alto de uma performance de cerca de 13 minutos. Samuel L. Jackson fez uma aparição caracterizado de Tio Sam, servindo de pivot para as transições entre os pequenos cortes de canções que Lamar trouxe ao Super Bowl - espécie de best of da sua carreira, combinado com a sua mais recente fase. Também a antiga tenista Serena Williams, ex-namorada de Drake (o que dificilmente será um acaso ou um detalhe inocente), entrou na atuação, surigndo a dançar no relvado.
Do seu passado, tivemos vislumbres de temas como "Humble" e "DNA" (do álbum DAMN, 2017), além do single "All The Stars", que contou com a participação de SZA. A cantora de R&B participou ainda em "Luther", um de vários destaques resgatados ao mais recente disco de Kendrick, GNX, editado em novembro: "Squabble Up", "Man at the Garden", "Peekaboo" e "TV Off" - esta última com a participação do produtor de Not Like Us, Mustard - também fizeram parte do espetáculo, embora em versões encurtadas.
Do beef Kendrick-Drake, o grande evento do mundo do hip-hop em 2024, fez ainda parte a canção "Euphoria", antes de tudo terminar com a expressão "Game Over" visível nas bancadas (através de iluminação). Será mesmo o ponto final na contenda entre Kendrick e Drake ou este jogo de egos e credibilidade em disputa ainda há capítulos por escrever?