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A quebrar novos recordes, Taylor Swift continua a não convencer a crítica

"The Life of a Showgirl" deverá sagrar-se o disco mais bem sucedido de 2025, mas não escapou a uma reação morna da imprensa especializada.

Pedro Henrique Miranda 09 de outubro de 2025 às 07:00
Taylor Swift enfrenta crítica apesar do sucesso de "The Life of a Showgirl"
Há quem diga que é um fenómeno paradigmático da carreira de Taylor Swift: um percurso mais popular do que celebrado, conquistando os corações de milhões de fãs por todo o mundo, mesmo que não as mentes dos que se autointitulam conhecedores de música popular. Pode-se argumentar que não precisa tanto dos segundos quanto dos primeiros. Se nem sempre foi a maior artista do mundo, ombreando com nomes como Drake, The Weeknd, Ariana Grande ou Bad Bunny, certamente orientou a sua carreira recente nesse sentido, embarcando na digressão multicontinental The Eras Tour, voltando a gravar alguns dos seus discos mais icónicos nas Taylor's Versions e cultivando uma muito pública relação amorosa, logo vertida em noivado, com o jogador da NFL Travis Kelce. O seu décimo-primeiro disco, The Tortured Poets Department, do ano passado, não teve uma receção propriamente gloriosa, mas pouco importava: sagrou-se ainda assim o disco mais vendido de 2024, a The Eras Tour a mais bem sucedida digressão musical de sempre (e a primeira a ultrapassar a marca de 2 mil milhões de dólares de receitas), e Swift na artista mais ouvida do mundo em plataformas como o Spotify. Como o lançamento do seu sucessor, The Life of a Showgirl, prepara-se para repetir o feito: ainda antes de sair, na passada sexta-feira, já se tornara no mais guardado de sempre no Spotify, e em menos de 12 horas sagrou-se o mais reproduzido do ano, sendo pouco provável que venha a ser ultrapassado como o disco mais bem-sucedido de 2025. O que se repetiu, também, foi uma resposta polarizada ao conteúdo musical desta sua nova era, que, para retratar a vivência de Taylor como maior estrela performativa do planeta, voltou a recrutar a produção de Max Martin, associado à transição de Taylor para uma sonoridade mais mainstream em discos como Red ou 1989. O resultado foram relatos conflituantes do seu sucesso e fracasso. Os melhores apontamentos vieram da Rolling Stone (que já havia dado boa nota a The Tortured Poets Department) e do The Irish Times, ambos a dar nota perfeita a The Life of a Showgirl, sublinhando um disco que "brilha com calor e uma alegria acolhedora" e celebrando o facto de Swift "acertar em todos os seus alvos, de curvas sónicas novas e entusiasmantes à narrativa incisiva".  Mais comedidos, mas ainda bastante positivos, os britânicos The Times e The Independent ambos deram ao disco quatro estrelas em cinco, com o primeiro a aclamar Swift na sua fase "mais feliz e mais divertida", e o segundo a categorizá-lo como "um dos seus álbuns mais experimentais", que "flerta entre o pop-rock inspirado em Stevie Nicks"  em Opalite e "o funk dos Jackson 5" em Wood, "a canção mais escandalosa que já lançou". A maioria, ainda assim, ficou-se por assinalar a mediocridade (ou a manifesta insuficiência) desta coleção de canções. Numa apreciação tépida, a NME criticou a superficialidade do disco, opinando que a cantora "permanece uma protagonista convincente, mas as suas preocupações surgem em grande medida dentro do panótico das redes sociais". Já o The Guardian diz que The Life of a Showgirl não é "terrível", mas que não é "de longe tão bom quanto deveria ter sido, dado os talentos de Swift", e que "nos deixa a perguntar-nos porquê".  Alguns meios não foram tão brandos: o The London Standard escreve que as "metáforas penianas e contos de uma pobre menina rica começam a cansar", perguntando se esta terá realmente sido "a mesma artista que nos deu Folklore e Evermore", os seus álbuns mais aclamados; e o crítico Anthony Fantano, do canal TheNeedleDrop, disse conter "alguma da pior escrita de toda a sua carreira", apelidando-a de "surpreendentemente imatura". Da parte dos seus fieis seguidores, as críticas continuarão a granjear as habituais narrativas em sua defesa: nomeadamente, de que o seu repúdio é uma expressão de machismo e misoginia na música, e de que a cantora é uma artista perpetuamente perseguida na indústria - uma linha de pensamento que a própria continua a difundir nas suas letras, apesar dos recordes sucessivamente batidos. Como sempre, Swift e os seus fãs encontrarão consolo num facto inegável: o amor da crítica é praticamente a única coisa que Taylor ainda não tem.
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