A escritora portuguesa Carla Pais é a vencedora do Prémio LeYA de literatura, no valor de 50 mil euros, pelo romance "A sombra das árvores no inverno", foi divulgado esta quarta-feira.
No anúncio da obra vencedora, o presidente do júri, Manuel Alegre, destacou a elegância da escrita, referindo que a autora "traz, ao curso do enredo e ao trajeto íntimo e social das personagens, situações problemáticas e convulsas de candente atualidade na Europa, sobretudo decorrentes da imigração oriunda de África e Próximo Oriente".
Nascida em 1979, Carla Pais, que reside em Paris, já tem outros romances publicados, o último dos quais, "Um cão deitado à fossa", recebeu o prémio Cidade de Almada 2018 e o Prémio SPA, para o melhor livro de ficção narrativa 2023.
A esta 14.ª edição do Prémio LeYa apresentaram-se 1.460 originais, mais 337 do que no ano passado, tendo sido a edição mais concorrida de sempre, segundo o grupo editorial.
As candidaturas foram provenientes de 15 países, mais sete do que na edição anterior. O Brasil liderou as candidaturas com 933 originais, seguido de Portugal (416), sendo de Moçambique o terceiro maior número de concorrentes, com 31 originais apresentados. Abaixo das 30 candidaturas seguiram-se Angola, Alemanha, Cabo Verde, França, Bélgica, Espanha e S. Tomé e Príncipe, entre outros.
Além do autor de “Praça da Canção”, constituíram o júri José Carlos Seabra Pereira, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Isabel Lucas, jornalista e crítica literária, Lourenço do Rosário, ex-reitor da Universidade Politécnica de Maputo, Ana Paula Tavares, poeta e Prémio Camões deste ano, e Josélia Aguiar, jornalista e historiadora.
O Prémio LeYa foi criado em 2008, com “o objetivo de distinguir um romance inédito escrito em língua portuguesa, com o valor pecuniário de 50 mil euros, sendo o maior prémio literário para romances inéditos.
“O Rastro do Jaguar”, do brasileiro Murilo Carvalho, foi o primeiro vencedor, em 2008. Ao longo das 18 edições o Prémio não foi atribuído três vezes, por falta de qualidade, segundo o júri - em 2010, 2016 e 2019 -, e também não foi entregue em 2020, devido à pandemia de covid-19.
Portugal lidera a lista de vencedores, com oito autores, o mais recente, Nuno Duarte, no ano passado, com o romance “Pés de Barro”, seguindo-se o Brasil, com quatro autores, o terceiro é Moçambique com um único vencedor, João Paulo Borges Coelho, em 2009, com “O Olho de Hertzog”.