Marie Vareille escreveu um livro que é um romance sobre a amizade feminina mas também um thriller passado nos tempos da escola
Mais um livro sobre o desaparecimento de uma adolescente? "Na verdade, o desaparecimento de Sarah não é mais do que um pretexto. Eu queria escrever uma história de amizade, de sororidade, de solidariedade feminina - e de rivalidade também. Eu tinha estes temas antes de imaginar a história", disse, em entrevista à La Voix du Nord, a autora de O Desaparecimento de Sarah Leroy, Marie Vareille.
A autora, francesa (nasceu na Borgonha em 1985 e vive nos Países Baixos com o marido e as duas filhas), escreveu um livro que é metade romance contemporâneo, metade thriller adolescente e fê-lo de forma a que a sua leitura fosse fácil e entusiasmante. Em França, onde foi lançado primeiro, chamou-se Desencantadas, em 2022. Três anos depois, ele chegou às livrarias portuguesas sob o título bastante mais descritivo O Desaparecimento de Sarah Leroy.
A descrição é cirúrgica porque é, de facto, o desaparecimento de uma jovem de 15 anos chamada Sarah Leroy que arranca o livro (de resto, é ela quem fala diretamente ao leitor logo nas primeiras página). O desaparecimento da jovem, diz-nos a contracapa, "virou do avesso a vida da pequena vila de Bouville-sur-Mer e comoveu toda a França. Em cada casa, em cada esquina, as pessoas tinham as suas próprias convicções e especulavam sobre o que realmente lhe teria acontecido. Mas aqueles que sabiam permaneceram em silêncio."
Damos então um salto até à atualidade, quando Fanny, jornalista e irmã de uma das Desencantadas (nome de código do grupo de amigas da trama, composto por Angélique, Jasmine e Morgane - além de Sarah), regressa ao local da tragédia. Vai acompanhada da enteada, Lilou, que rapidamente se envolve na tentativa de resolução do mistério: como desapareceu para sempre uma jovem de 15 anos?
Com constantes idas e vindas ao tempo do desaparecimento, as personagens vão revelando as suas perspetivas e vivências daquele tempo de escola cheio de primeiros namoros e cigarros, círculos de amizade, festas, expectivas em relação ao sexo e, claro, pequenos e grandes segredos. Estamos nos anos 90 e as referências, das lojas à música da época, embalam a leitura numa nostalgia de que é difícil escapar.
Apesar dessa ligeireza (e de uma ambiência pop), a narrativa mergulha, aqui e ali, até lugares mais sombrios. "Desde os treze anos que carrego o peso de uma culpa que nenhuma criança ou adolescente deveria ter de suportar. Carrego-a no vosso lugar, no lugar de todos os adultos que não intervieram, que olharam para o outro lado, que preferiram não fazer perguntas ou descobrir", conta-nos Sarah.
O Desaparecimento de Sarah Leroy ganhou o Prix des lecteurs Système U e o Prix des lecteurs de la librairie Lamartine. Marie Vareille é autora de vários bestsellers, com quase um milhão de vendas em todo o mundo e livros traduzidos em mais de dez países.