Pouco passava das 20h30 de sexta-feira, 20 de Janeiro, quando Eunice Muñoz entrou no histórico Café Martinho da Arcada, na Baixa de Lisboa, para ser homenageada pelos seus 75 anos de carreira artística, no que foi o primeiro do regressado ciclo de jantares-tertúlia Rostos da Portugalidade.
A circunstância não era para menos, já que nos últimos anos a actriz se tem resguardado da atenção do público por força de um acidente em que partiu os pulsos e sofreu uma lesão cervical - em 2012, nos ensaios de O Comboio da Madrugada - e de ter perdido a voz (entretanto recuperada, em 2015) na sequência de uma cirurgia para remover um tumor na tiróide, em 2013.
Organizado pelo escritor Luís Machado, o ciclo Rostos da Portugalidade volta a reunir, oito anos após a última vez, personalidades destacadas da sociedade portuguesa no Café Martinho da Arcada, que comemorou 235 anos a 7 de Janeiro. A SÁBADO é media partner.
"Entrevistei 50 grandes figuras da vida portuguesa desde as primeiras tertúlias, em 1991", disse o organizador. "A Eunice era uma que tinha ficado pendente. Por isso reuni mais quatro ou cinco pessoas de quem gosto muito [Cruzeiro Seixas, Manuel Alegre e Marcelo Rebelo de Sousa são alguns dos confirmados para as próximas sessões] e avancei."
Com Clara Capucho, a médica que ajudou a actriz a recuperar a voz, o filho António, o encenador Carlos Avilez e o actor Rui Mendes entre os presentes, o jantar-tertúlia arrancou com um primeiro período de 20 minutos em que Eunice Muñoz discursou sobre os seus primeiros passos no teatro, as peças que a marcaram e as suas escolhas de carreira, mostrando-se sempre bem-disposta e com um sentido de humor apurado. Quando Luís Machado lhe perguntou se não gostava de cinema, dado ter entrado em poucos filmes, a sua resposta arrancou gargalhadas: "Gosto... de ver."
Pausa para jantar, seguido do que deveriam ter sido mais 20 minutos de conversa - mas que resvalaram para 70 - e nova oportunidade de mostrar o seu humor, contando que as pessoas lhe dão mais idade do que efectivamente tem: "As pessoas pensam que tenho mais de 90 [tem 88], depois dizem-me 'não parece nada'. Nunca sei se é sincero ou não mas faço o meu melhor sorriso."
Estando no café Martinho da Arcada, habitualmente frequentado por Fernando Pessoa - junto à entrada, a um canto, está bem visível a mesa que costumava ocupar -, a SÁBADO perguntou a Eunice Muñoz sobre a sua ligação à obra do poeta. A resposta: "Como para qualquer português que goste de poesia, Fernando Pessoa é um ídolo, um poeta genial - é agradável poder dizer que tem a maior importância. Eu tinha 15 anos e estudava no Conservatório [quando conheci a sua poesia]. Ainda cheguei a ensaiar uma peça de Fernando Pessoa. Não me recordo do título, mas era interessante e era encenada pelo pintor Mário Botas..."
A SÁBADO filmou a tertúlia na íntegra. Veja abaixo o vídeo em quatro partes.
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