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Está à vista acordo entre argumentistas e estúdios. Greve de quatro meses pode acabar

O acordo de três anos precisa ainda de ser aprovado pela Associação de Escritores da América e pelos seus membros. Depois falta ainda um acordo com os atores.

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Está à vista acordo entre argumentistas e estúdios. Greve de quatro meses pode acabar
Ana Bela Ferreira 25 de setembro de 2023 às 10:32
REUTERS/Mike Blake

A greve dos guionistas de Hollywood tem já um fim à vista. Este domingo, foi alcançado um acordo preliminar entre os principais estúdios e o sindicato dos argumentistas. A paralisação dura há já quatro meses e regista já milhares de milhões de euros em prejuízos.

Em cima da mesa está agora um acordo de trabalho para três anos que deve ser ainda aprovado pela direção da Associação de Escritores da América (Writers Guild of America, WGA, em inglês), e pelos seus membros, para que possa entrar em vigor.

Porém, a WGA já classificou o documento de "excecional" com "ganhos significativos e proteção para os argumentistas". A associação representa 11.500 guionistas de cinema e televisão.

Num comunicado, emitido no domingo, o comité de negociações agradeceu o apoio dos sindicatos irmãos - como o dos atores - que se juntaram à luta dos guionistas, "por mais de 146 dias".

E esse sindictaos devem manter a greve para lá da dos argumentistas. O SAG-AFTRA representa 160 mil atores de cinema e televisão, duplos, locutores e outros profissionais e começou a sua paralisação em julho, a primeira em simultâneo com os argumentistas em 63 anos.

Na sequência do anúncio de possível acordo com os guionistas, o SAG-AFTRA apelou aos CEO dos estúdios e os seus negociadores que "regressem à mesa das negociações e fazem o acordo justo que os nossos membros merecem e exigem". As exigências são o estabelecimento de um salário mínimo para os atores, proteção contra o uso de Inteligência Artificial (IA) em substituição de uma representação humana e salários que reflitam o valor que os atores trazem para os serviços destreaming.

A greve dos guionistas começou a 2 de maio, depois de ter falhado um acordo sobre remunerações, número mínimo de escritores num projeto, o uso de IA e prémios que compensam os guionistas por programas populares destreaming.

A única reação por parte da Aliança de Produtores de Filmes e Televisão - grupo que integra estúdios como Walt Disney, Netflix ou Warner Bros Discovery -  veio em conjunto com a dos argumentistas. No mesmo comunicado é referido: "A WGA e a AMPTP chegaram a uma tentativa de acordo".

A dupla greve de Hollywood - de argumentistas e atores - paralisou a produção de filmes e séries, bem como detalk-showsque estão agora a passar episódios antigos. Alguns programas tentaram contornar a greve porém, não resistiram às críticas. Este mês, oThe Drew Barrymore Showparou de tentar fazer novos episódios.

Milhares de milhões de euros em prejuízo

Esta greve já está calculada em 4,8 mil milhões de euros em prejuízos, nos estados da Califórnia, Novo México, Geórgia e Nova Iorque, os principais centros da indústria nos EUA. A estimativa foi feita pelo economista Kevin Klowden do Instituto Milken.

A contribuir para estas perdas estão não só os valores das produções adiadas, mas também o impacto noutros serviços que vivem à volta da indústria: floristas,caterings, carpinteiros, operadores de câmara, entre outros.

Na última greve dos argumentistas, em 2007/08, o foco da luta tinha a ver com as novas formas do negócio. Os escritores queriam ver refletidos nos seus vencimentos os ganhos dos estúdios nos "novos media", como osdownloadse os programas distribuídos na internet que capitalizavam publicidade.

Agora, os pagamentos pelo sucesso nostreamingé um dos pontos centrais. Outro é a vontade de limitar ao máximo a intervenção da Inteligência Artificial no processo criativo, o receio é que os argumentistas passem apenas a rever argumentos feitos por IA e que acabem a ganhar ainda menos.

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