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Conhecido por papéis em filmes como "Nasce uma Estrela" ou a saga "Bade", o ator estava mais afastado dos olhares públicos desde 2017, devido a falhas de memória que começaram por ser associadas a Alzheimer.
O cantor e ator norte-americano, Kris Kristofferson morreu no sábado, aos 88 anos, informou a família em comunicado, sem adiantar a causa da morte. O cantor tinha falhas de memória há mais de uma década e o porta-voz da família indicou que este morreu pacificamente em casa, em Maui (Havai).
A entrada no mundo artístico aconteceu pela música, mais concretamente como autor de músicas country em Nashville. Escreveu êxitos como as vencedoras de Grammys Help Me Make It Through the Night, For the Good Times ou Me and Bobby McGee. No início dos anos 1970 tornou-se um cantor e ator reconhecido, tendo sido o coprotagonista de Nasce uma Estrela, de 1976, ao lado de Barbra Streisand.
Kristofferson foi oficial do exército, piloto de helicópteros, bolseiro de Rhodes (a bolsa de pós-graducação mais antiga do mundo) e ainda trabalhou como contínuo, o que acabou por se revelar uma escolha profissional mais do que acertada. Nascido a 22 de junho de 1936, em Brownsville, Texas, mudaria muitas vezes de casa, por causa do trabalho do pai - general na Força Aérea.
Depois de acabar o liceu na Califónia, onde jogava râguebi, Kristofferson entrou na Universidade de Oxford com uma bolsa Rhodes, daí seguiu para as Forças Armadas. Em 1965, recusou ser professor de Inglês na Academia Militar de West Point, em Nova Iorque, para se mudar para Nashville.
Na chegada à capital da música country, tornou-se contínuo nos estúdios Columbia Records e usou esse trabalho para entregar as suas canções aos grandes artistas que ali gravavam, nomeadamente a Johnny Cash. Também trabalhou como piloto de helicópteros, levando trabalhadores do Louisiana até as plataformas petrolíferas. Foi nesta fase que escreveu as suas canções mais memoráveis.
"O Kris trouxe [a música country] da idade das trevas para os dias de hoje, tornou-a aceitável e trouxe grandes letras - quero dizer, as melhores letras possíveis", disse Willie Nelson, um dos primeiros modelos de Kristofferson, ao programa 60 Minutes da CBS numa entrevista em 1999. "Simples, mas profundas."
Gravou quatro álbuns com Rita Coolidge, a segunda de três mulheres, nos anos 1970. Nas duas décadas seguintes, juntou-se a Willie Nelson, Johnny Cash e Waylon Jennings no supergrupo de música country The Highwaymen.
No cinema brilhou em filmes como Cisco Pike, Duelo na Poeira, O Marinheiro que Caiu em Desgraça com o Mar, Convoy - Comboio dos Duros, Lone Star - Um Corpo no Deserto ou a saga Blade.
Apesar do sucesso, Kristofferson foi alcoólico - ao ponto de não se lembrar de namoradas e interpretações - e só deixou o vício quando o médico lhe disse que se estava a matar. No entanto, nunca deixou de fumar marijuana.
"Era a forma como eu achava que um artista devia viver. Sempre concordei com [o poeta William] Blake quando ele diz que a estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria... Penso que Deus protege os tolos e os compositores", disse ao programa 60 Minutes.
Kristofferson acabaria por começar a ter falhas de memória perto dos 75 anos e os seus papéis começaram a ser afetados. Os médicos disseram-lhe que estava no quadro da doença de Alzheimer ou demência, possivelmente devido aos golpes que sofreu quando praticou boxe, futebol americano e râguebi, na juventude. Porém, em 2016, a sua mulher, Lisa, disse à revista Rolling Stone que o marido tinha sido diagnosticado com a doença de Lyme e que a sua memória estaria a voltar parcialmente, depois de ter começado o tratamento e parado a medicação para o Alzheimer.
Nesse ano, ainda fez uma tournée com Willie Nelson e lançou um álbum The Cedar Creek Sessions, para assinalar os seus 80 anos. Kristofferson e a sua terceira mulher, Lisa, viveram mais de 30 anos na ilha havaina de Maui. O ator e compositor deixa oito filhos.