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1977 e 1984: Os anos da inflação mais alta de sempre

Ana Taborda , Susana Lúcio 03 de abril de 2022 às 10:00

Havia quem só comprasse roupa uma vez por ano – e costurasse quase tudo – e andasse a pé para poupar dinheiro em combustível. A especulação chegou até às bananas.

Nunca chegámos ao extremo de países como o Brasil, onde a inflação de 300% mudava preços em poucas horas – era normal acontecer durante uma visita ao supermercado, por exemplo. Talvez por isso também nunca tenhamos tido funcionários cuja única função era a que as novelas da Globo chegaram a mostrar-nos: alterar os preços dos produtos, que iam acumulando etiquetas. Por cá, as taxas máximas de inflação rondaram os 30% em dois anos – 1977 e 1984 –, em ambos os casos durante intervenções do FMI. Além do aumento dos preços, nem sempre era fácil encontrar produtos nas prateleiras. O caso das bananas Chiquita, que praticamente desapareceram dos lares portugueses, foi um dos mais falados. “Há escassez, o produto é apetecido e naturalmente surge a especulação”, lia-se no Diário de Lisboa. Não era fácil encontrar bananas importadas, mas havia quem as vendesse na rua, “em alguns casos 100 escudos por quilo acima da tabela” – a 240 escudos (hoje 5,72 euros), em vez de no máximo 140 (3,34 euros). Nessa altura, mais de 30 vendedores foram condenados por especulação.

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