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Poder de compra das famílias vai encolher 1% este ano, alerta Banco de Portugal

Jornal de Negócios 15 de junho de 2022 às 17:44

Subida abrupta da inflação está a erodir o salário médio real dos trabalhadores do setor privado, que deverão perder 1% do seu rendimento este ano, segundo as estimativas do Banco de Portugal. Mário Centeno volta a pedir "cautela" com aumentos salariais à inflação.

O poder de compra das famílias vai encolher 1% este ano, segundo as projeções divulgadas esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP). A justificar este recuo está a subida da inflação que está a erodir o salário médio real dos trabalhadores do setor privado.

Mário Centeno

"Os salários reais por trabalhador no setor privado reduzem-se cerca de 1% em 2022, refletindo a subida abrupta da inflação", lê-se no boletim económico do Banco de Portugal, divulgado esta quarta-feira.

Ataxa de inflação foi revista em alta para 5,9% este ano, ao invés dos 4% avançados em março. Com os dados de maio, o banco central atualizaria o valor para 6,4% este ano, ou seja, no período de um mês, o valor previsto para a inflação anual aumentaria 0,5 pontos percentuais.


Para os próximos dois anos, a instituição liderada por Mário Centeno antecipa que se registe "um crescimento médio dos salários reais de 2%, aproximadamente em linha com o da produtividade", e "assume-se ao longo do horizonte de projeção uma passagem incompleta dos aumentos de preços aos salários".

"Enquanto o crescimento médio do IHPC no horizonte de projeção é de cerca de 3,5%, os salários nominais por trabalhador no setor privado crescem 1,5% acima da produtividade no mesmo período", indica o BdP, sublinhando que "a atual projeção incorpora o aumento anunciado do salário mínimo de 6,4% em 2023", ou seja, a expectativa de que o salário mínimo nacional suba para 750 euros em 2023.

Aumentar salários à taxa de inflação?
Em conferência de imprensa, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, voltou a sublinhar a importância de se manter "alguma cautela" nas atualizações salariais à taxa de inflação, apesar de reconhecer que "era esperada alguma inflação, mas não tanta".

"A inflação é um fenómeno que não tem características permanentes e a reação que devemos ter coletivamente tem de levar isso em conta. Essa é uma pré-condição importante para que esse fenómeno não se torne endogéno", referiu.

Disse ainda que, entre abril e maio deste ano, o salário médio nominal (sem ser descontada a inflação) cresceu 3,5% e que, se Portugal conseguir manter a tendência de crescimento no salário médio nominal, o país terá "ganhos reais" face à nova previsão do supervisor para a inflação.

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