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Brasileira Oi vende participação na Unitel à Sonangol por 900 ME

23 de janeiro de 2020 às 22:39

Contrato de venda, citado pela imprensa brasileira, revela que 750 milhões de dólares (678 milhões de euros) serão transferidos na sexta-feira para a operadora brasileira, sendo que a Sonangol depositará o restante valor em até 90 dias.

A operadora brasileira Oi vendeu a sua participação de 25% na angolana Unitel por mil milhões de dólares (900 milhões de euros) para a petrolífera estatalSonangol, de Angola, avançou esta quinta-feira o jornalO Globo.

De acordo com O Globo, que cita o contrato de venda, 750 milhões de dólares (678 milhões de euros) serão transferidos na sexta-feira para a operadora brasileira, sendo que a Sonangol depositará o restante valor em até 90 dias.

O negócio levou as ações da Oi a disparar, registando uma subida de 9,18% na Bolsa de Valores de São Paulo, com cada título da empresa a chegar a ser negociado a 1,07 reais (0,23 cêntimos de euros).

Em 09 de janeiro, o diretor de comunicação e imagem da Sonangol, Dionísio Rocha, já tinha confirmado a disponibilidade da empresa angolana em adquirir a participação de 25% da operadora brasileira na angolana Unitel.

"Estamos a equacionar a hipótese de ficar com a participação da PT Ventures [empresa controlada pela Oi], mas tudo depende da decisão do tribunal de Paris", afirmou o diretor de comunicação, indicando, na ocasião, que o valor estimado da aquisição deveria ser "o do mercado".

O Tribunal de Comércio de Paris condenou os acionistas angolanos da Unitel a pagarem à Oi mais de 600 milhões de euros por violações do acordo acionista e deu como provado que foram realizadas "transações em benefício próprio".

Questionado sobre como seria financiada a operação de aquisição, Dionísio Rocha disse apenas que a "Sonangol está a financiar-se na banca internacional", sem dar mais esclarecimentos.

A Oi está em processo de recuperação judicial desde 2016 para reduzir o passivo, que ronda os 65,4 mil milhões de reais (cerca de 14 mil milhões de euros).

A companhia brasileira enfrenta prejuízos e chegou a contratar assessores financeiros para avaliar a operação de telemóvel no país.

Num relatório divulgado no início desta semana, analistas financeiros traçaram um cenário mais positivo para a empresa, com a expectativa de captações de recursos que somariam cerca de 8 mil milhões de reais (1,7 mil milhões de euros).

Segundo o jornal Valor Económico, esse montante já incluía a perspetiva do negócio angolano, hoje confirmado.

Em dezembro último, a operadora foi alvo, no âmbito da operação Lava Jato, de uma investigação sobre alegados pagamentos irregulares a empresas ligadas a um dos filhos do ex-Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com um comunicado enviado pelo Ministério Público Federal, o grupo Oi teria efetuado pagamentos suspeitos de mais de 132 milhões de reais (cerca de 28,6 milhões de euros) a empresas controladas por Fábio Luís Lula da Silva, entre os anos de 2004 e 2016.

Já a Unitel, que tem como acionista a subsidiária da Oi PT Ventures, viu-se envolvida num escândalo global, designado 'Luanda Leaks', divulgado no último domingo por um consórcio de jornalistas de investigação.

O consórcio revelou mais de 715 mil ficheiros que detalham esquemas financeiros da empresária angolana Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da fortuna da família.

Segundo a investigação, a Unitel terá sido foco de desvios e transações ilícitas.

A Unitel contava com quatro acionistas, cada um dos quais detendo 25%, sendo eles a PT Ventures (detida pela brasileira Oi), Sonangol, a Vidatel (controlada pela empresária angolana Isabel dos Santos) e a Geni (do general Leopoldino Fragoso do Nasimento).

MYMM (RCR/CYR) // SR

Lusa/Fim

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