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Piqué chora ao testemunhar no 'caso Supertaça': "Num outro país teriam erguido um monumento para mim"

Luana Augusto 15 de março de 2025 às 10:26

Antigo jogador está a ser investigado pelo alegado papel que desempenhou nas negociações que levaram à transferência da Supertaça Espanhola para a Arábia Saudita. Esteve esta sexta-feira em tribunal onde negou qualquer incompatibilidade.

O antigo futebolista Gerald Piqué testemunhou na sexta-feira no Tribunal de Majadahonda, em Espanha, onde está a ser investigado pelo alegado papel que desempenhou nas negociações que levaram à transferência da Supertaça Espanhola para a Arábia Saudita. Ouvido pelo juiz, enfatizou que não incorreu nenhum tipo de incompatibilidade e afirmou a sua incência.

REUTERS/Juan Medina

Num comunicado, ao qual a imprensa espanhola teve acesso, o antigo defesa-central detalhou o processo temporário do acordo entre a empresa saudita Sela, que comprou os direitos da Supertaça; a Federação de Futebol Espanhola; e a sua empresa - a Kosmos. Explicou ainda que a oportunidade surgiu num jantar, que teve lugar em Barcelona, a 3 de janeiro de 2019, e que foi aqui que acertaram verbalmente um acordo que incluía comissões de 10%.

Em troca, a Riade pagou €264 milhões repartidos pela Federação Espanhola de Futebol e vários intermediários.

Segundo o arguido, "sem a Kosmos o acordo entre a federação e a Arábia não teria acontecido". "Entre os diversos intermediários é necessário destacar que Piqué participou ativamente no processo através da empresa do seu representante [Arturo Canales], AC Talent", concluiu anteriormente um relatório UCO da Guarda Civil.

Piqué já havia salientado numa outra altura que a "Supertaça era uma competição um pouco abandonada", segundo o jornal El País.

"Havia a sensação de que não sabíamos bem o que fazer com aquela competição. O facto da [empresa] Sela a querer levar para a Arábia foi uma oportunidade muito boa e que podia ser do interesse da federação", considerou.

Face a toda a polémica, o ex-jogador defendeu que "num outro país teriam erguido um monumento para mim", ou seja, para alguém que tivesse arrecadado muito dinheiro para a RFEF. Disse ainda que seria homenageado, não visado num processo penal. "Num outro país teriam erguido um momento em minha homenagem", declarou.

O antigo capitão do Barcelona, que na quinta-feira já havia apresentado as faturas que tem vindo a cobrar nos últimos anos, sublinhou ainda que todo este assunto lhe causou danos irreparáveis. Chorou, e depois lamentou que ninguém o indemnizasse pelos danos que o processo judicial lhe causou.

O julgamento de Piqué iniciou-se na sexta-feura pelas 9h30 locais (8h30 de Lisboa). O ex-futebolista chegou apenas 15 minutos antes à sede dos tribunais de investigação, em Madrid, onde o esperavam mais de 50 jornalistas, segundo o El Mundo. À entrada e à saída do mesmo não prestou quaisquer declarações.

A juíza Delia Rodrigo acusou o ex-jogador de três crimes: apropriação indevida, administração danosa e lavagem de dinheiro. Neste caso estão também acusados, entre outros, os dois ex-presidentes da Federação Espanhola de Futebol, nomeadamente Luis Rubiales e o antecessor de Rafael Louzán, Pedro Rocha.

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