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Maratona de má memória para portuguesas

14 de agosto de 2016 às 18:02

Dulce Félix terminou em 16ª a maratona Olímpica. Sara Moreira e Jéssica Augusto abandonaram antes de meio da prova que foi ganha pela queniana Jemina Sumgong.

Sara Moreira não chegou aos sete quilómetros, Jéssica Augusto já não chegou aos 20 e só Dulce Félix conseguiu terminar a maratona feminina que hoje se disputou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Só mesmo a atleta de Guimarães guardará boas recordações da prova: mesmo tendo ficado fora das 12 primeiras como esperava, melhorou o 21º lugar conseguido em Londres ao terminar em 16º a 6,35 minutos da vencedora, a queniana Jemina Sumgong.

O dia mais quente desde o arranque dos Jogos Olimpicos foi duro para as aspirações portuguesas. Se as escolhas da Federação Portuguesa de Atletismo para as representantes nacionais já não foram consensuais – Jessica Augusto tinha apenas a 4ª melhor marca nacional do ano e Vanessa Fernandes ficou como suplente – agora tudo piorou.

 

Há dois dias, Moreira, campeã europeia em título, lutava com uma inflamação, mas garantia estar em condições para a prova. Não estava. "A ressonância, que acusou o edema ósseo, foi feita ainda em Portugal. Viajei para cá e quando cheguei voltei a fazer testes que não acusaram nenhuma limitação. Eu fui treinando e, pelo facto de ter conseguido correr sem dor, arriscámos a minha partida na maratona. Infelizmente a dor voltou, forte, e não consegui continuar", contou no final da prova. "Pela dor tinha desistido logo aos dois quilómetros. Ainda fui aos sete. Há uma altura, logo a seguir ao abastecimento, que falo com as minhas colegas e lhes digo que estou a sentir muita dor. A Dulce disse-me para esquecer a dor, mas era impossível. Ninguém mais do que eu queria correr esta maratona, queria acabar no Sambódromo, não foi possível", disse de lágrimas nos olhos.

 

Jéssica Augusto, sétima em Londres, aguentou mais um pouco mas também não completou a prova. "Não estava a entrar na corrida, não me senti muito bem, além de ter sentido um incómodo de uma dor que me apareceu, no fim-de-semana passado, numa virilha. Não estava nos meus dias, não me senti bem durante a corrida e acabei por desistir", disse. "Foi uma dor que apareceu no último treino em Portugal. Quando cheguei aqui fui vista pelo médico, fiz um exame, mas era um pequeno edema no grande adutor, que à partida estaria controlado, mas ressenti-me um pouco. Não quero que isso seja encarado como uma desculpa. Apenas não estive bem e não correspondi ao que estava a valer", assumiu.

Mais animada estava Dulce Félix. "O calor foi o meu grande adversário, mas a minha ambição, o meu querer, o meu acreditar fizeram com que eu fosse 16.ª. Saio daqui feliz, porque acho que só o facto de terminar uma maratona olímpica é de louvar. Saio com a sensação de dever cumprido", disse a atleta do Benfica. Sobre a desistência das colegas, garantiu que apenas se apercebeu quando as viu paradas a apoiar. "Claro que fico feliz por vê-las a puxar por mim, mas sei que estão tristes porque trabalharam muito para terminar a maratona olímpica. Estavam confiantes, mas só posso falar de mim, não posso falar por elas."

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Maratona feminina
Foto: COP
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Presidente da federação defende escolha
O presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) mostrou-se hoje convicto de que Sara Moreira só alinhou na maratona do Rio2016 por considerar que estava em condições, mas lembrou que a decisão final foi da atleta. "Não posso, de maneira nenhuma, dizer o que a Sara teve, porque essa é uma questão do foro médico. Nós tivemos relatórios médicos de queixas e é importante dizer-se que são queixas absolutamente comuns a todas as modalidades. Passa-se uma situação de uma queixa muscular, que foi analisada medicamente, e, a partir daí, fica praticamente dependente daquilo que são as respostas da atleta aos treinos que realizou. O que aconteceu foi que a atleta, com os treinos que realizou, achou por bem estar presente na sua prova", disse Jorge Vieira.

"Sabemos que numa maratona, com o calor, a humidade que está, é extremamente difícil partir do princípio que todos os atletas vão acabar. Com certeza que gostaria que as três atletas terminassem. Obviamente, fico sempre triste pela tristeza dos atletas. Vão notar nelas a tristeza de não terem terminado a sua prova", concluiu o responsável federativo que, no entanto, recusou comentar se Vanessa Fernandes não teria sido melhor escolha.

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