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O que se sabe da nova arma nuclear que a Rússia pode lançar para o espaço?

Sofia Parissi 20 de fevereiro de 2024 às 18:00

Presidente dos EUA já veio tranquilizar os norte-americanos, mas ameaça fez com que Blinken contactasse os seus homólogos da Índia e China.

A Rússia está a desenvolver uma arma nuclear para lançar ao espaço com o intuito de destruir satélites comerciais e governamentais que ligam o mundo inteiro. O alerta partiu das autoridades norte-americanas a 14 de fevereiro e o tema foi levadoà Conferência de Segurança de Munique. Esta arma poderá lançar um impulso de energia eletromagnética capaz de interferir ou incapacitar satélites.

REUTERS/Regis Duvignau/File Photo

No final da semana passada, o presidente Joe Biden pronunciou-se sobre o assunto, tranquilizando os norte-americanos: "Não há nenhuma prova em como [na Rússia] decidiram avançar para fazer alguma coisa no espaço."

Que consequências podem ter estas armas?

Apesar de a natureza da arma ainda não ser clara, sabe-se que a tecnologia anti-satélite pode interferir com a comunicação, informação e segurança dos países. De acordo com aCNN, que falou com fontes familiarizadas com os serviços de informação norte-americanos, a arma nuclear espacial pode incapacitar satélites dos quais dependemos para falar ao telemóvel e navegar na internet.

Por isso, escreve o jornal The New York Times, o secretário de Estado Antony J. Blinken levou o tema à Conferência de Segurança de Munique, tendo contactado os seus homólogos chinês e indiano, deixando o alerta em como qualquer detonação no espaço afetaria não só satélites norte-americanos, mas de vários países. 

Os sistemas globais de comunicações falhariam, tendo impacto sobre serviços de emergência e smartphones, mas também no funcionamento de geradores de energia, por exemplo, aponta a mesma fonte. Os detritos poderiam espalhar-se ainda pela órbita baixa onde se encontram vários satélites como os Starlink, ou satélites espiões. 

Como foi divulgada a informação?

As informações foram transmitidas pelo presidente Joe Biden, depois de o deputado Mike Turner, presidente republicano do Comité dos Serviços Secretos da Câmara dos Representantes dos EUA, ter alertado, a 14 de fevereiro, para uma "grave ameaça à segurança nacional".

Na sexta-feira, 16, o presidente norte-americano afirmou, em declarações aos jornalistas, que "não existe qualquer ameaça nuclear para o povo norte-americano ou para qualquer outra parte do mundo com o que a Rússia está a fazer neste momento". "Tudo o que eles estão a fazer e/ou irão fazer está relacionado com satélites e espaço e com a possibilidade de danificar esses satélites", acrescentou. 

A arma já foi utilizada?

O porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby, afirmou que a arma ainda não está operacional, de acordo com os serviços de informações. "Primeiro, não se trata de uma capacidade ativa que tenha sido utilizada, e apesar de ser perturbador o facto de a Rússia manter esta particular capacidade, de momento não existe qualquer ameaça à segurança", afirmou Kirby.

Em 2023, um relatório do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, baseado em Washington, revelou que a Rússia estava a desenvolver uma gama de armas antisatélite, incluindo um míssil que tinha sido testado com sucesso contra um satélite da era soviética em 2021. 
 

Em que consiste o Tratado do Espaço Sideral?

Apesar de países como a Rússia, China e EUA já terem capacidade para destruir satélites, estão proibidos de colocar armas nucleares no espaço. O Tratado do Espaço Sideral de 1967 por eles ratificado proíbe a utilização de armas nucleares no espaço. Foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e assinado por mais de 100 países.

 
O que diz o Kremlin?

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov, classificou as novas informações como uma "invenção maliciosa", de acordo com a agência de notícias Tass.

"É óbvio que a Casa Branca está a tentar, por bem ou por mal, encorajar o Congresso a votar um projeto de lei de atribuição de verbas, isso é óbvio", afirmou Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.

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