Secções
Entrar

Variante britânica do novo coronavírus pode ser até 70% mais mortal

José Couceiro com Leonor Riso 16 de fevereiro de 2021 às 17:09

Identificada oficialmente como B.1.1.7, esta variante parece estar relacionada com um maior risco de hospitalização e mortalidade que as outras já registadas. 


A variante britânica do novo coronavírus pode ser até 70% mais mortal do que as outras, indica um estudo do Grupo de Aconselhamento para Ameaças Virais Novas e Emergentes (NERVTAG, em inglês), que aconselha o governo do Reino Unido. Baseado em quatro estudos separados, realizados com o mesmo conjunto de dados, a investigação relacionou dados da testagem à Covid-19 na comunidade com as mortes devido à doença.

REUTERS/Henry Nicholls

A preocupação com a maior letalidade da B.1.1.7 surgiu em janeiro quando a NERVTAG avançou com os primeiros dados nesse sentido. A 22 de janeiro, o primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, revelou durante uma conferência de imprensa que "além de propagar mais rapidamente, também parece que agora há algumas provas que a nova variante esteja associada a um maior grau de mortalidade".

A investigação do NERVTAG compilou dados e estudos preliminares de várias instituições que compararam a mortalidade provocada por diferentes variantes. Cada análise teve um resultado diferente, mas todos apontam para um maior risco de hospitalização e mortalidade entre pessoas infectadas com a variante B.1.1.7. Nenhuma das análises sugere um risco de mortalidade menor, com o aumento a estar situado entre 30% a 70%.

No entanto, os cientistas tiveram dificuldade em registar a presença de doenças pré-existentes em quem foi infetado com a nova variante. Outra limitação do estudo foi a diferença de contextos nos quais os casos estão a acontecer. Se é mais provável que os surtos institucionais ocorram com a variante B.1.1.7, a análise pode estar a comparar idosos mais fragilizados, infectados em lares, com idosos mais saudáveis infectados com outras variantes.

Um dos estudos analisados foi o da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que investigou 2.583 mortes de entre 1.2 milhões de pessoas testadas para o coronavírus no Reino Unido. Aqui verificou-se que pessoas infetadas com a nova variante tinham cerca de 30% mais probabilidade de morrer, num período de 28 dias, quando comparados com infectados com outras variantes, de acordo com os dados lançados pelo governo do Reino Unido.

As razões para esta taxa de mortalidade mais elevada ainda não estão claras. Os dados apontam para que pessoas infectadas com esta variante possam ter uma carga viral maior, uma característica que pode não só tornar o vírus mais contagioso, como potencialmente pôr em causa a eficiência de certos tratamentos, avança o jornalThe New York Times.

Investigadores já tinham dito previamente que a variante B.1.1.7 poderia ser entre 30% a 60% mais contagiosa. Esta variante já se encontra presente em pelo menos 82 países, da Dinamarca ao Taiwan.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela