Secções
Entrar

Unesco alerta para preconceitos sexistas na inteligência artificial generativa

Lusa 07 de março de 2024 às 08:40

De acordo com um estudo, os padrões linguísticos são mais suscetíveis de associar os nomes femininos a palavras como "casa", "família" ou "filhos", enquanto os nomes masculinos são mais suscetíveis de serem associados às palavras "negócio", "salário" ou "carreira".

Os principais modelos linguísticos da Meta e da OpenAI, na base de ferramentas de inteligência artificial generativa, transmitem preconceitos sexistas, advertiu hoje a Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

REUTERS/Dado Ruvic

Os modelos GPT 2 e GPT 3.5 da OpenAI, este último na base da versão gratuita do ChatGPT, bem como o Llama 2 do concorrente Meta, apresentam "provas inequívocas de preconceitos contra as mulheres", afirmou a Unesco, num comunicado de imprensa, na véspera do Dia Internacional da Mulher.

"A discriminação no mundo real não se reflete apenas na esfera digital, mas é também amplificada aí", salientou o diretor-geral adjunto da Unesco para a Comunicação e Informação, Tawfik Jelassi.

De acordo com um estudo, realizado entre agosto de 2023 e março de 2024, estes padrões linguísticos são mais suscetíveis de associar os nomes femininos a palavras como "casa", "família" ou "filhos", enquanto os nomes masculinos são mais suscetíveis de serem associados às palavras "negócio", "salário" ou "carreira".

Os investigadores também pediram a estas interfaces que produzissem histórias sobre pessoas de diferentes origens e géneros.

Os resultados mostraram que as histórias sobre "pessoas de culturas minoritárias ou mulheres eram frequentemente mais repetitivas e baseadas em estereótipos".

Um homem inglês tinha mais probabilidades de ser apresentado como professor, motorista ou empregado bancário, enquanto uma mulher inglesa era apresentada em pelo menos 30% dos textos gerados como prostituta, modelo ou empregada de mesa.

Estas empresas "não estão a conseguir representar todos os utilizadores", disse Leona Verdadero, especialista em políticas digitais e transformação digital na UNESCO.

Estas aplicações de inteligência artificial (IA), cada vez mais utilizadas pelo público em geral e pelas empresas, "têm o poder de moldar a perceção de milhões de pessoas", salientou Audrey Azoulay, diretora-geral da organização da ONU.

"Assim, a presença de um mínimo preconceito sexista nos conteúdos pode aumentar significativamente as desigualdades no mundo real", acrescentou, na mesma nota.

Para combater estes preconceitos, a Unesco recomendou que as empresas do setor tenham equipas de engenharia mais diversificadas, sobretudo com mais mulheres.

De acordo com dados do Fórum Económico Mundial, as mulheres representam apenas 22% dos membros das equipas que trabalham em IA em todo o mundo.

O organismo da ONU pediu igualmente aos governos para que introduzam mais regulamentação para garantir uma "inteligência artificial ética".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela