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Há 150 mil novos materiais cristalinos que podem ser usados em tecnologia

Tiago Neto 19 de abril de 2023 às 18:58

A descoberta é de um grupo de investigadores portugueses e representa um conjunto de novas soluções para utilização em aplicações tecnológicas.

Tiago Cerqueira, Pedro Borlido e Pedro Carriço, investigadores do Departamento de Física (DF) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) encabeçam o grupo responsável pela investigação que dá conta de 150 mil novos materiais cristalinos, passíveis de serem sintetizados e, posteriormente, estudados para utilização em aplicações tecnológicas.

Ciência Unsplash

A descoberta pode vir a oferecer diversas alternativas, uma vez que este tipo de materiais está na base da maioria das tecnologias modernas. "Dois exemplos são os painéis solares, para os quais a comunidade científica continua em busca de alternativas ou complementos à atual tecnologia baseada em silício, ou em baterias de estado sólido, que se tornam cada vez mais relevantes com a disseminação dos carros elétricos", esclarece Tiago Cerqueira.

O investigador refere que a equipa se focou também "na procura de materiais super-duros e supercondutores", sendo estes últimos, de forma simplificada, "materiais de extrema importância para aplicações de imagiologia, como máquinas de ressonância magnética".

Já nos super-duros, trata-se de um material "cuja dureza se aproxima, ou supera, a do diamante, e normalmente são usados na indústria para ferramentas de corte, por exemplo", aponta. Além destes, a equipa da FCTUC encontrou vários materiais com propriedades semelhantes às dos melhores materiais conhecidos e que, futuramente, podem vir a ter uma aplicação tecnológica.

O grupo de investigadores realçou ainda que, "sem o estudo das propriedades básicas da matéria, não seria possível perceber como conceber e 
melhorar sistemas complexos, como por exemplo a microeletrónica, os painéis fotovoltaicos, as baterias e até novos medicamentos".

A investigação, auxiliada pelo recurso a ferramentas modernas de machine learning – ou seja, inteligência artificial – para acelerar o processo, resultou do estudo Machine-learning-assisted determination of the global zero-temperature phase diagram of materials, publicado na revista Advanced Materials, que teve como foco a previsão de materiais cristalinos. Ao todo, foram estudados mil milhões de materiais.

A equipa contou também com a participação de Jonathan Schmidt, Noah Hoffmann, Hai-Chen Wang e Miguel Marques, da Universidade de Halle-Wittenberg, e ainda de Silvana Botti, da Universidade Friedrich-Schiller Jena, ambas na Alemanha. 

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