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Estudo português mostra mudanças de hábitos alimentares no primeiro ano da pandemia

Lusa 16 de outubro de 2021 às 17:48

Perto de 37% dos inquiridos num estudo português admitiram ter mudado os hábitos alimentares durante o primeiro ano da pandemia de covid-19, dos quais 58,2% consideraram ter mudado para melhor e 41,8% para pior.

Perto de 37% dos inquiridos num estudo português admitiram ter mudado os hábitos alimentares durante o primeiro ano da pandemia de covid-19, dos quais 58,2% consideraram ter mudado para melhor e 41,8% para pior.

Getty Images

Os resultados constam de um estudo desenvolvido pela Direção-Geral da Saúde (DGS), em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, cujos resultados foram divulgados hoje, assinalando o Dia Mundial da Alimentação.

"REACT-COVID 2.0" é o nome do estudo, que visou conhecer os comportamentos alimentares e de atividade física dos portugueses cerca de um ano após o início da pandemia de covid-19 (maio-junho de 2021).

De acordo com o documento, 36,8% dos inquiridos reportaram ter mudado os seus hábitos alimentares em comparação com o período pré-pandemia.

Enquanto 32,2% dos participantes passaram a recorrer a refeições ‘take-away’ e 26,3% a consumir mais ‘snacks’ doces, 22,3% dos inquiridos admitiram ter ingerido mais água, 18,6% mais produtos hortícolas e 15,2% mais fruta.

As alterações positivas nos hábitos alimentares parecem relacionar-se com a possibilidade de se realizarem mais refeições em casa ou com o número de refeições cozinhadas - 33,4% e 19,4%, respetivamente -, enquanto nas mudanças menos positivas 24,9% podem estar relacionadas com variações no apetite originadas por razões emocionais.

O estudo foi elaborado a partir de uma amostra não probabilística de base nacional com indivíduos de idade igual ou superior a 18 anos, num total de 4.930 participantes, dos quais 78,6% são mulheres.

Metade dos que responderam às questões têm idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos, com a maioria a ter completado um curso superior (74,7%) e a ser ativa a nível profissional (75,4%).

Os dados foram recolhidos através de um questionário ‘on-line’ autopreenchido através de amostragem por bola de neve, ativada por divulgação em ‘websites’ institucionais, redes sociais e media.

A amostra inicial foi recolhida entre 09 de abril e 04 de maio de 2020, e a segunda amostra entre 10 de maio e 04 de junho deste ano.

A informação apresentada foi ponderada para a distribuição da população portuguesa de acordo com informação dos Censos 2011, após estratificação por sexo, grupos etários (entre os 18 e os 34 anos, entre os 35 e os 54 anos e 55 ou mais anos), nível educacional (ensino básico ou secundário, ensino superior) e Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS) II (Norte, Centro, Região Metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve, Região Autónoma da Madeira e Região Autónoma dos Açores).

Comparativamente ao primeiro período de recolha de dados, os fatores emocionais ganham destaque, enquanto os fatores associados às preocupações com a situação económica parecem perder influência nos comportamentos alimentares.

Associado à relevância dos fatores emocionais verificam-se níveis elevados de "fome pelo prazer de comer".

Foram, assim, identificados padrões distintos de consumo alimentar. O menos saudável foi mais prevalente nos portugueses que apresentam um nível elevado de "fome pelo prazer de comer", bem como nas pessoas com mais dificuldades económicas e em risco de insegurança alimentar.

As orientações produzidas pela DGS sobre alimentação durante a pandemia foram consideradas úteis pela maioria da população (79,6%) e em particular pela população menos escolarizada (81,7%), o que sugere a importância das instituições de saúde na promoção da literacia em saúde, acrescenta o estudo.

O documento confirma ainda a tendência de melhoria dos níveis de atividade física da população, com 54,3% dos inquiridos a apresentarem níveis adequados de atividade física para a promoção da saúde (46% em 2020; 48,1% em 2017).

Todavia, o estudo mostra também um aumento do tempo sedentário, fixando-se este em sete ou mais horas por dia para 46,4% dos inquiridos, contra os 38,9% registados em 2020.

Entre as atividades mais praticadas, destacam-se a caminhada, seguida pelas atividades de fitness, treino de força e corrida, com as duas últimas a assumirem mais expressão no sexo masculino.

Quanto às atividades do dia-a-dia, as tarefas domésticas continuam a prevalecer nas mulheres - 84,7% contra 46,3% nos homens - com 62% dos inquiridos a assumirem o subir e descer escadas como forma de se manterem ativos.

A segunda fase da análise (maio e junho de 2021) confirmou o impacto do contexto pandémico nos hábitos alimentares e de atividade física dos portugueses, sugerindo que as alterações observadas nos primeiros meses da pandemia se mantiveram.

O Dia Mundial da Alimentação, que coincide com o da fundação, em 1945, da agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) vocacionada para a erradicação da fome e para o combate à pobreza, foi comemorado pela primeira vez em 1981.

Destinada a sensibilizar e consciencializar a opinião pública para questões relacionadas com a alimentação e nutrição, a efeméride assinala-se em 16 de outubro e nos dias de hoje é comemorada em mais de 150 países.

A covid-19 provocou mais de 4,8 milhões de mortes em todo o mundo, entre mais de 239 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

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