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Descongestionantes nasais com fenilefrina não são eficazes, dizem especialistas

Luana Augusto com Leonor Riso 18 de setembro de 2023 às 18:28

Nos Estados Unidos, os medicamentos que contenham fenilefrina podem vir a ser retirados das farmácias, devido à sua ineficácia pela via oral. Em Portugal, também é vendida em comprimidos e Infarmed garante estar a acompanhar a situação.

Nos Estados Unidos, os descongestionantes nasais por via oral com fenilefrina podem estar próximos de ficarem indisponíveis nas farmácias. Este componente é usado em medicamentos vendidos em Portugal como o Antigrippine trieffect. A decisão foi tomada a 12 de setembro após uma votação unânime do conselho da Food and Drug Administration (FDA), a agência federal do Departamento de Saúde que gere os medicamentos nos EUA e que declarou a ineficácia da fenilefrina tomada por via oral. 

REUTERS/Lukas Barth

Apesar de este componente ter sido alvo de três grandes estudos por parte da FDA, a verdade é que desde que a sua utilização foi permitida pela primeira vez, em 1938, que "não passou pelos rigorosos ensaios clinicos" a que hoje em dia são normalmente sujeitos os fármacos, de acordo com o The Wall Street Journal. Desde então, que a sua eficácia tem vindo a ser questionada por vários profissionais de saúde.

Tanto médicos como enfermeiros disseram ao The Wall Street Journal que a fenilefrina oral é metabolizada no intestino e no figado, o que faz com que não consiga atingir a corrente sanguínea em níveis suficientes, ao ponto de proporcionar um alívio do congestionamento nasal. Como tal, aconselham a utilização de outros tipos de medicamentos que contenham por exemplo pseudoefedrina (em Portugal, está presente no Sinutab), anti-histamínicos (como o Vibrocil), ou produtos de spray nasal (por exemplo o Marimer). 

À SÁBADO o Infarmed garantiu que está a "analisar conjuntamente com as suas congéneres europeias e EMA [Agência Europeia do Medicamento] a eventual necessidade de revisão", da eficácia da substância. Por enquanto, na Europa ainda não foi "levantada qualquer questão relativa à segurança destes medicamentos", o que "não invalida que ao longo do tempo possam surgir novos dados, resultantes de novos estudos clínicos, ou de mecanismos de farmacovigilância, que resultem na necessidade de re-avaliação, ou em última análise, em restrições de uso ou mesmo na revogação da sua autorização".

Com quase um século de existência, em Portugal, a fenilefrina é um dos ingredientes que está presente em 20 medicamentos. O componente é vendido para tratar sintomas de tosse, sinusite e gripe. Segundo a revista Time, que cita a FDA, em 2022 os consumidores gastaram cerca de 1,8 mil milhões de dólares (1,7 milhões de euros) em produtos com fenilefrina.

Artigo atualizado no dia 20 de setembro às 11h15 para incluir a resposta do Infarmed.

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