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Covid-19: Cigarros eletrónicos aumentam riscos para jovens

11 de agosto de 2020 às 16:23

O risco de contrair a doença entre os jovens que fumam cigarros eletrónicos é cinco a sete vezes superior do que para os que não usam esse tipo de cigarros.

O risco de contrair covid-19 entre adolescentes e jovens adultos que fumam cigarros eletrónicos é cinco a sete vezes superior, segundo um estudo liderado pela faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, nos EUA, hoje divulgado.

O estudo é hoje publicado no 'Journal of Adolescent Health' e é o primeiro a debruçar-se sobre as ligações entre jovens que fumam cigarros eletrónicos e a covid-19, tendo usado como base a população residente nos EUA e informação recolhida durante a pandemia.

O risco de contrair a doença entre os jovens que fumam cigarros eletrónicos é cinco a sete vezes superior do que para os que não usam esse tipo de cigarros.

"Adolescentes e jovens adultos precisam de saber que se usam cigarros eletrónicos são mais propensos a um risco imediato de covid-19, porque estão a danificar os pulmões", disse um dos autores principais do estudo, Bonnie Halpern-Felsher, investigador e professor na área de pediatria.

O investigador que liderou o estudo, Shivani Mathur Gaiha, sublinhou que os dados demonstram que, apesar de os mais novos acreditarem que pela idade estão mais protegidos do vírus que provoca a covid-19 e dos seus efeitos e sintomas, isso "não é verdade para os jovens que fumam cigarros eletrónicos".

"O estudo mostra claramente que os jovens que fumam cigarros eletrónicos ou cigarros eletrónicos e cigarros tradicionais têm um risco elevado, e não é apenas um ligeiro aumento no risco, é um grande aumento", disse Gaiha, citado num comunicado de imprensa.

Os dados foram recolhidos através de inquéritos online que decorreram em maio, com 4.351 participantes entre os 13 e os 24 anos a viver em território norte-americano.

Os investigadores selecionaram uma amostra de participantes dividida de forma igual entre quem fumava cigarros eletrónicos e os que nunca usaram quaisquer produtos de nicotina.

A amostra incluía também uma distribuição igual de participantes nos diferentes grupos etários, raças e géneros.

Os participantes responderam a questões sobre o uso de cigarros e de que tipo e se tinham tido sintomas de covid-19, se tinham sido testados e se tinham tido um diagnóstico positivo para a doença.

Os jovens que nos 30 dias anteriores ao questionário tinham fumado quer cigarros quer cigarros eletrónicos tinham cinco vezes mais probabilidades de ter sintomas de covid-19, como tosse, febre, fadiga e dificuldade para respirar, do que os jovens que nunca tinham fumado qualquer tipo de cigarros.

Felsher referiu que isto pode também explicar o porquê de ser mais provável que tenham feito teste à covid-19, sobretudo tendo em conta que em maio muitas regiões limitavam a realização de testes a quem apresentava sintomas.

Dependendo de que tipo de produto com nicotina usaram e de quão recente era essa uso, os jovens que fumaram cigarros eletrónicos, ou cigarros tradicionais, ou ambos, apresentaram 2,6 a nove vezes maior probabilidade de ser testados para a covid-19 do que não usaram qualquer produto.

Já entre os que foram testados para a covid-19, aqueles que apenas fumaram cigarros eletrónicos apresentaram cinco vezes mais de probabilidades de ser diagnosticados com covid-19 do que os não fumadores.

Os que usaram quer cigarros eletrónicos quer cigarros tradicionais nos 30 dias anteriores apresentaram 6,8 vezes mais probabilidades de ser diagnosticado com a doença.

Os investigadores não encontraram uma ligação entre a covid-19 e fumar apenas cigarros convencionais, talvez porque entre os mais jovens o uso combinado dos dois tipos de cigarros é o comportamento prevalente.

O estudo demonstrou também, em linha com outros estudos recentes para a covid-19, que pertencer a um estrato socioeconómico mais baixo ou ser de origem hispânica ou multirracial está ligado a um risco mais elevado de ser diagnosticado com a doença.

Os autores do estudo esperam que os resultados levem as autoridades norte-americanas a apertar a regulação relativa à venda destes produtos a adolescentes e jovens adultos.

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