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Carlos Fiolhais considera justa e notável atribuição de Nobel da Física a uma mulher

02 de outubro de 2018 às 17:27

Arthur Ashkin, Gérard Mourou e Donna Strickland foram reconhecidos pela Academia Sueca com um Nobel na área da Física. Strickland foi a terceira mulher a ser distinguida com o prémio.

O físico Carlos Fiolhais considerou esta terça-feira justa a atribuição do prémio Nobel da Física, destacando o facto de contemplar uma mulher, o que é raro na história dos prémios.

"As mulheres têm estado fora dos prémios Nobel da Física. É de facto uma coisa que se estranha nos dias de hoje, mas só havia duas mulheres que tinham ganho o Nobel da Física, em mais de uma centena de prémios", disse Carlos Fiolhais à agência Lusa, considerando o feito notável.

Marie Curie (1903) e Maria Mayer (1963) eram até hoje as duas cientistas distinguidas como este prémio.

O prémio Nobel da Física 2018 foi atribuído na terça-feira ao norte-americano Arthur Ashkin e a segunda parte, em conjunto, ao francês Gérard Mourou e à canadiana Donna Strickland, pelas invenções no campo da física do laser.

"Aparece finalmente uma senhora, que representa a grande comunidade de mulheres que existe na ciência em todo o mundo e também em Portugal", afirmou Carlos Fiolhais.

Para o professor, o prémio foi atribuído "de forma justa, tanto à pessoa que orientava o trabalho, como à pessoa que fez o trabalho".

Esta distinção premeia a física aplicada, ou seja, o impacto que a física tem na sociedade, neste caso em aplicações de luz laser.

"O laser é extremamente útil e estes cientistas propuseram novas técnicas de o usar", disse o físico português, sublinhando que tudo indica que o laser vai continuar a ser explorado, com novas técnicas que por vezes demoram a chegar ao consumo, mas que de certeza serão úteis.

O trabalho do cientista norte-americano, explicou, resultou na criação de pinças ópticas com laser, uma forma de "apanhar partículas muito pequenas (micropartículas), que podem inclusivamente ser bactérias".

A técnica permite a manipulação de pequenos objectos em laboratório, "muito útil em biologia", quando se trabalha em experiências com micro-organismos.

A segunda parte do prémio foi para uma dupla, um francês e uma canadiana: "É muito curioso porque são mais novos e trabalharam um com o outro, numa relação diferente. O francês era o supervisor de doutoramento da canadiana, bastante mais jovem, e trabalhavam os dois na altura (nos anos 80) nos EUA".

Desenvolveram uma técnica nova de fazer impulsos de laser, uma espécie deflashesde luz, muito mais intensos do que o próprio laser.

A técnica já tem aplicação em intervenções de alta precisão em oftalmologia.

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