Sábado – Pense por si

Tomas Tranströmer (1931-2015)

Dulce Neto
Dulce Neto 01 de abril de 2015 às 19:18

Quando ganhou o Nobel da Literatura, o poeta que escreveu sobre Lisboa já não falava, mas não perdera as palavras. Continuou a publicar, tocou piano só com uma mão e um novo insecto teve o seu nome

Não se escondia dos outros, mesmo quando resolveu viver quase isolado numa ilha do Báltico, já neste século. Tinha era um espírito discreto, mesmo perante provocações, coisa alimentada desde miúdo, como se vê num dos seus raros livros traduzidos para português, As Minhas Lembranças Observam-me (da editora Sextante, recomendado pelo Plano Nacional de Leitura). No primeiro ano da escola um rapaz "cinco vezes mais forte" do que ele mandava-o ao chão em todos os intervalos. Tomas Tranströmer decidiu fingir-se morto, deixando o colega atirá-lo. O outro cansou-se da brincadeira e largou-o. "Penso no que este método, de uma pessoa se transformar num trapo sem vida, terá significado para mim ao longo da minha vida. A arte de ser pisado conservando a dignidade. Não terei recorrido a este método com demasiada frequência? Umas vezes resulta, outras não."

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