Secções
Entrar

Escritora uruguaia Ida Vitale vence Prémio Cervantes 2018

15 de novembro de 2018 às 15:18

A escritora venceu o prémio pela "sua linguagem, uma das mais destacadas e reconhecidas da poesia".

A escritora uruguaia Ida Vitale venceu esta quinta-feira o Prémio Cervantes de literatura, pela "sua linguagem, uma das mais destacadas e reconhecidas da poesia", anunciou hoje, em Madrid, o ministro da Cultura espanhol, José Guirao.

Ida Vitale "é um referente para os poetas em [língua] espanhola", pela sua "trajetória poética e intelectual", detentora de uma das "mais destacadas e reconhecidas" expressões da poesia, "ao mesmo tempo intelectual e popular, universal e personal, transparente e profunda", disse o ministro, citando a decisão do júri do mais importante prémio literário das letras hispânicas.

A presidente do júri, a escritora Carmen Riera, qualificou Vitale de "poeta extraordinária com grandes ligações a Espanha".

De acordo com José Guirao, Ida Vitale (Montevideo, 1923), ao saber da atribuição do Prémio Cervantes, se mostrou surpreendida e muito agradecida.

Nascida em Montevideo, em 2 de Novembro de 1923, Ida Vitale afirmou-se como poetisa, jornalista, tradutora e crítica literária.

Entre a vasta obra publicada da autora, destacam-se títulos como "La luz desta memoria", "Procura de lo imposible", "Léxico de afinidades", "Sueños de la constancia" e "Cada uno en su noche".

A escritora pertenceu à chamada Geração de 45, que integrou igualmente os escritores Mario Benedetti (1920-2009) e Juan Carlos Onetti (1909-1994), e que é considerado, na história das literaturas hispanas, o mais importante movimento literário no Uruguai, no século XX.

Ida Vitale estudou Humanidades e leccionou até 1974, em Montevideu, quando a ditadura militar a obrigou a exilar-se no México, durante dez anos.

Colaboradora de jornais e revistas, fez também parte do conselho assessor da revista Vuelta e do grupo fundador do periódico Unomasuno, no México.

Sem obra publicada em português, de acordo com o catálogo da Biblioteca Nacional, Ida Vitale traduziu, contudo, em 1968, para castelhano, as "Cartas de amor de la religiosa portuguesa", atribuídas a Mariana Alcoforado, publicadas em Montevideo, no Uruguai, pela Arca-Galerna.

Entre os prémios que recebeu contam-se o Prémio Internacional Octavio Paz de Poesia e Ensaio, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana (2015) e o Internacional de Poesia Federico García Lorca (2016).

É também doutora honoris causa pela Universidade da República do Uruguay.

No passado mês de setembro, Ida Vitale foi distinguida com o Prémio em Línguas Românicas da Feira Internacional do Livro (FIL) de Guadalajara, que será entregue no México, no próximo dia 24, durante a FIL.

O júri do prémio mexicano, que distinguiu Vilate por unanimidade, destacou então "a depurada voz" da escritora, que "sabe renovar a tradição e afirmar a sua presença na modernidade", constituindo "uma força poética no âmbito da língua espanhola".

Em 2017, o Prémio Cervantes, dotado de 125 mil euros - prémio conhecido em Espanha como "o Nobel de literatura em catelhano" -, foi atribuído ao nicaraguense Sergio Ramírez.

A distinção da uruguaia Ida Vitale, este ano, rompe a tradição de alternância, entre autores espanhóis e latino-americanos, estabelecida ao longo das diferentes edições do prémio.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela