A vida não tem sido fácil para a chanceler alemã Angela Merkel e, nos próximos dias, as coisas podem ficar ainda mais difíceis. Este domingo têm lugar eleições no estado federado (länder) de Hesse e tudo aponta para uma nova debacle dos partidos tradicionais, os mesmos que formam a coligação de governo (os democratas-cristãos da CDU e os sociais-democratas do SPD). E é uma vez mais também o futuro político da chanceler que pode estar em causa.
Depois de nas últimas eleições no estado onde fica a capital financeira alemã Frankfurt a CDU e o SPD terem alcançado em conjunto praticamente 70% dos votos, as sondagens mostram que agora não deverão sequer somar 50%.
E tal como sucedeu também nas eleições no estado da Baviera que decorreram em 14 de Outubro passado, os Verdes (centro-esquerda), e também a Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) deverão ser as forças a capitalizar mais a quebra dos partidos do centro político alemão. Na Baviera, os Eleitores Livres também registaram um bom resultado, contudo este é um movimento que concorre apenas em eleições regionais.
Se a posição da chanceler ficou fragilizada depois do mau resultados nas eleições federais do ano passado e posterior dificuldade para formar governo, a reeditada grande coligação pode agora sofrer novo revés. Depois de as eleições na Baviera terem ditado um mau resultado para o partido-irmão bávaro (CSU) da CDU que concorre naquele estado - e também para os sociais-democratas -, desgastando ainda mais o executivo liderado por Merkel, agora poderá repetir-se um cenário idêntico.
A imprensa alemã refere que um novo mau resultado para o SPD, que em 2017 registou o pior desfecho de sempre em eleições gerais, levando o então líder Martin Schulz a preferir, inicialmente, liderar a oposição e a rejeitar negociar uma nova "grande coligação", pode intensificar a pressão sobre a actual secretária-geral social-democrata, Andrea Nahles. O que poderia levar o partido júnior da aliança de governo a sair do executivo.
Tendo em conta a previsão de uma descida superior a dez pontos da CDU face às eleições de 2013, não deverão existir condições para que dois partidos alcancem a maioria absoluta dos votos, o que inviabiliza a actual aliança entre CDU e Verdes que está no poder.
Ou seja, se se confirmarem as sondagens, o actual ministro presidente de Hesse, Volker Bouffier (CDU), poderá ser obrigado a tentar negociar uma coligação com Verdes e liberais (FDP), precisamente o tipo de aliança ("Jamaica") cuja negociação fracassou há um ano a nível nacional. Caso contrário, SPD e Verdes podem tentar formar uma coligação com a esquerda radical (Die Linke) e assim afastar a CDU do poder, o que a acontecer deixaria Merkel numa posição ainda mais enfraquecida perante as facções que no seio dos democratas-cristãos desafiam a liderança da chanceler.
Angela Merkel, que se envolveu directamente nas eleições no Hesse, rejeita atribuir um carácter nacional ao acto eleitoral naquele länder: "Nem todas as eleições regionais podem ser encaradas como uma mini-eleição federal", declarou esta semana à Hessischer Rundfunk
Todavia, se as perdas eleitorais que a CSU (histórico aliado da CDU de Merkel) e o SPD tiveram na Baviera foram vistas como consequência das dúvidas que subsistem sobre a resiliência e coesão do governo de Berlim, um novo mau resultado tenderá a agravar as críticas feitas à "grande coligação" (CDU-CSU e SPD). Por outro lado, deixaria Angela Merkel numa posição delicada para o congresso da CDU que terá lugar em Dezembro e que irá eleger o novo líder dos democratas-cristãos.
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