Escravatura moderna é crime escondido

Por Correio da Manhã

A escravatura moderna, com 45,8 milhões de vítimas estimadas, é um "crime escondido" que afeta todos os países do mundo, envolvendo todos os setores económicos, sendo necessário combatê-la, refere-se esta terça-feira no Índice Global de Escravatura 2016.

No estudo, a fundação australiana Walk Free salienta que a terminologia para descrever as novas formas de escravatura moderna diverge de país para país, variando entre a própria palavra escravatura, mas também através de conceitos como o tráfico humano, trabalho forçado, casamentos forçados ou a venda ou exploração de crianças.

No relatório, a fundação australiana, fundada em 2012 pelo casal filantropo australiano Andrew e Nicola Forrest, e pela filha de ambos, Grace, refere que, enquanto a indefinição se mantém variável, a escravatura moderna diz respeito a situações de exploração que uma pessoa não pode recusar ou escapar devido a ameaças, violência, coerção, abuso de poder ou fraude.

"Por exemplo, o passaporte da pessoa pode ser retido num país terceiro ou a sua família pode ser ameaçada com violência", lê-se no documento.

A escravatura moderna continua em quase todas as indústrias mundiais, como, por exemplo, na pesca na Tailândia, na apanha de algodão no Uzbequistão ou Turquemenistão e nas indústrias de construção no Qatar", refere-se no preâmbulo do relatório.

"A escravatura moderna foi identificada nas residências de alguns diplomatas, nas zonas controladas pelo grupo Estado Islâmico e em áreas onde ocorreram desastres naturais, como no Nepal, e destruição ambiental, como na RDCongo. Tem impacto em todos nós, desde a comida que consumimos aos bens que compramos. É nossa responsabilidade combater este crime", alerta a fundação australiana.

Segundo a fundação Walk Free, medir o índice de escravatura moderna "não é fácil", devido ao facto de a natureza do crime ser "ocultada" e os baixos níveis de identificação de vítimas.

Desde 2014, a Fundação Walk Free realizou 25 investigações, tendo entrevistado cerca de 28.000 pessoas em 52 línguas, tendo a edição deste ano chegado à Índia, país que, quando entrar no relatório de 2017, aumentará o número de inquiridos para 42.000 e o de idiomas para 53.

A Índia é, aliás, um país que, segundo a investigação, poderá aumentar significativamente o número de pessoas sob qualquer forma de escravatura no mundo, com a fundação a avançar já com a estimativa de que poderá atingir 18,3 milhões.

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