Parlamento debate petição contra privatização de hospital
O documento foi apresentado pelo Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos e conta com 5 mil assinaturas
A Assembleia da República debate, na quarta-feira, uma petição contra a privatização do Hospital de Cantanhede, devendo ser também discutidos projectos de resolução do PCP, BE e PEV.
A petição que rejeita a privatização deste hospital, no distrito de Coimbra, foi apresentada pelo Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), em Outubro e reúne mais de 5 mil assinaturas.
O Hospital Arcebispo João Crisóstomo deixou de integrar a lista de hospitais públicos, segundo a portaria 82/2014 de 10 de Abril.
"O hospital não deve ser privatizado. Deve continuar a garantir um serviço público de saúde eficaz, ao qual todas as pessoas tenham acesso como consagrado na Constituição", disse hoje à agência Lusa Fátima Pinhão, da direcção nacional do MUSP.
Fátima Pinhão integra uma delegação do movimento que se deslocará a Lisboa, na quarta-feira, para assistir ao debate da petição n°437/XII/4° na Assembleia da República. A petição, com 5.076 assinaturas, foi entregue em 25 de Outubro.
Em comunicado, o MUSP recorda que foram investidos 3,5 milhões de euros no Hospital de Cantanhede, que serve 60 mil utentes da região, número que sobe para 80 mil durante o Verão tendo em conta a época balnear na praia da Tocha e as férias dos emigrantes.
"A privatização desta unidade de saúde fará com que utentes com mais dificuldades físicas ou económicas sejam alvo de discriminação, tendo de deslocar-se aos grandes centros (Coimbra ou Figueira da Foz)", adianta.
Devido à falta de transportes, "quem não tem transporte próprio ou familiares próximos, quem tem tão baixas reformas e tem já tantas dificuldades no pagamento de medicamentos, já para não falar nas taxas moderadoras, ficará afastado dos cuidados de saúde", refere.
O MUSP "espera que os deputados eleitos por Coimbra (PS, PSD e CDS) se lembrem de quem os elegeu e estejam ao lado das populações e votem favoravelmente os projectos que serão apresentados" no Parlamento.
Na audição na Comissão Parlamentar da Saúde, em 18 de Março, "nenhum desses deputados compareceu", à excepção do "relator nomeado" Mário Ruivo, do PS, eleito por Coimbra, e da deputada comunista Rita Rato, "que, tendo visitado este hospital e estando ao lado dos peticionários, prometeu que o PCP apresentaria um projecto de resolução" sobre o assunto.
Segundo o MUSP, também o Partido Ecologista Os Verdes (PEV), parceiro do PCP na coligação CDU, tomará idêntica iniciativa.
O PCP vai defender "a manutenção da gestão pública do Hospital de Cantanhede no âmbito Serviço Nacional de Saúde e a contratação efectiva de todos os profissionais que respondem às necessidades permanentes do seu funcionamento".
O projecto de resolução do Bloco de Esquerda, divulgado no portal do grupo parlamentar deste partido, recomenda também ao Governo que mantenha a gestão pública do Hospital Arcebispo João Crisóstomo.
O BE defende que "sejam reforçadas" as actuais valências e serviços do Hospital de Cantanhede.
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