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Homem atacou jornalista por esta o ter assediado de forma telepática

24 de outubro de 2017 às 12:33

O Kremlin garantiu que o esfaqueamento de uma jornalista numa estação de rádio de Moscovo, ontem, foi "obra de um louco" e nada tem a ver com as críticas da jornalista ao governo russo

O Kremlin disse hoje que o esfaqueamento de uma jornalista numa estação de rádio de Moscovo, segunda-feira, foi "obra de um louco" afastando interpretações políticas do ataque.

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Foto: Mikhail Pochuyev\TASS via Getty Images
Foto: Alexander Shcherbak\TASS via Getty Images

"Trata-se de entender este trágico acontecimento e que, realmente, está ligado a um caso de loucura e, tal como outros, é ilógico e do nosso ponto de vista erróneo", disse aos jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Tatiana Felgenhauer, subdirectora da estação de rádio Eco de Moscovo, considerado um dos poucos órgãos de comunicação social independentes da Rússia, foi atacada na segunda-feira na redacção por um homem que a esfaqueou no pescoço.

O atacante foi detido logo após o ataque. "Lamentamos sinceramente e enviamos a nossa solidariedade a Tatiana, à família e a toda a equipa da Eco de Moscovo, devido ao ataque desse louco", acrescentou Peskov.

A jornalista, de 32 anos, foi transportada para um hospital onde foi colocada em coma induzido. Apesar da gravidade do ferimento, fontes médicas afirmaram que a vítima do ataque não corre perigo de vida.

O atacante, identificado como Boris Grits, israelita de 49 anos, foi neutralizado pelos elementos dos serviços de segurança tendo sido posteriormente detido pela polícia.

O atacante foi acusado de "tentativa de assassinato" e colocado em prisão preventiva que pode prolongar-se durante dois meses. Gits reconheceu que é autor do ataque mas negou que tivesse intenção de matar.

Após a detenção, o agressor referiu-se à motivação do ataque afirmando que se sentia "sexualmente assediado" pela vítima. 

"Através de uma ligação telepática, ela (Felgenhauer) mortificava-me sexualmente", disse Grits no primeiro interrogatório. "Nunca a tinha conhecido de verdade, mas já a tinha visto e sentido. Não a podia tirar da minha cabeça", acrescentou.

Entretanto, o Sindicato dos Jornalistas assinalou através de um comunicado que parte da culpa do ataque recai sobre a estação de televisão estatal russa por ter acusado de forma repetida a rádio Eco de Moscovo e a jornalista Tatiana Felgenhauer de trabalharem como "agentes do Departamento de Estados norte-americano".

"Acreditamos que este tipo de programas instiga o ódio contra os nossos companheiros e que podem ter provocado o ataque, de uma pessoa transtornada, contra Tatiana", refere o sindicato.

A União dos Jornalistas da Rússia, qualificou a agressão contra Felgenhauer como "um ataque contra a liberdade de expressão".

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