Jamie Oliver retira livro infantil de circulação após críticas de indígenas australianos
Chef foi acusado de contribuir alegadamente para o "apagamento, banalização e estereótipo dos povos e experiências das Primeiras Nações".
O famoso chefde cozinha, Jamie Oliver, retirou o seu mais recente livro infantil de circulação, após alegações de que a obra estereotipava indígenas australianos.
Billy and the epic scape, publicado no início deste ano pela editora Penguin, foi considerado "ofensivo e prejudicial" por algumas comunidades indígenas, por contribuir alegadamente para o "apagamento, banalização e estereótipo dos povos e experiências das Primeiras Nações". Foi retirado de circulação em todos os países.
Jamie Oliver, que se encontra na Austrália para promover o seu mais recente livro de receitas, já pediu desculpa e disse estar "devastado" por ter causado tal mágoa. "Estou devastado pela ofensa causada e peço desculpas de todo o meu coração. Nunca foi a minha intenção interpretar mal esta questão profundamente dolorosa. Junto com os meus editores decidimos retirar o livro de venda", disse em comunicado.
O livro, de 400 páginas, conta a história de uma rapariga indígena com poderes mágicos e que vive num orfanato quando é raptada no centro da Austrália, o que gerou algumas críticas. Segundo Sue-Anne Hunter, uma mulher indígena e professora adjunta da Federation University, em Victoria, trata-se de uma "escolha particularmente insensível", dado o "doloroso contexto histórico" das Gerações Roubadas, escreveu no Instagram. Durante décadas, na Austrália, as crianças aborígenes e das ilhas do Estreito de Torres foram retiradas das suas famílias como parte de uma política de assimilação de sucessivos governos.
Além disso, a rapariga tem a capacidade de ler mentes e de se comunicar com animais e plantas. Para Sharon Davis, presidente-executiva da Natsiec, esta história reduz "os sistemas de crenças complexos e diversos" a "magia".
A obra continha também erros de vocabulário, já que algumas palavras eram da língua Arrernte, da região de Alice Springs, e do povo Gamilaraay, de New South Wales e Queensland. Para Sharon Davis, isto mostra um "total desrespeito pelas vastas diferenças entre as línguas, culturas e práticas das Primeiras Nações".
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