OMS recomenda pela primeira vez classe de medicamentos usados na diabetes para tratar obesidade
Doença afeta mil milhões de pessoas em todo o mundo.
Doença afeta mil milhões de pessoas em todo o mundo.
A comparticipação destes remédios pode ter um custo de €600 milhões por ano. Mas especialistas apontam para os benefícios.
Se se avançasse com uma comparticipação de 90% de todos os medicamentos, o Estado gastaria dois mil milhões de euros.
Em causa está a disponibilidade dos medicamentos da classe dos agonistas dos recetores GLP-1 (semaglutido, dulaglutido, liraglutido e exenatido), onde se inclui o Ozempic, desenvolvido para tratar a diabetes tipo 2, mas que está também a ser usado para combater a obesidade e ajudar à perda de peso.
Entre os medicamentos cuja rutura teve um impacto considerado elevado estão anti-infecciosos, fármacos para o sistema nervoso central, para o aparelho cardiovascular, hormonas e medicamentos usados no tratamento das doenças endócrinas, medicação antialérgica e fármacos para tratamento de cancro.
De janeiro a outubro de 2024, os antidiabéticos foram a classe terapêutica que representou o maior encargo para o SNS.
Segundo o regulador, esta limitação deve-se à existência de "uma elevada prescrição" destes medicamentos destinados ao tratamento de doentes adultos com diabetes mellitus tipo 2, aliada a constrangimentos na capacidade de produção.
Fármacos como o Ozempic ou Zepbound podem ter efeitos em doenças renais, na síndrome do ovário poliquístico ou na apneia do sono. Vários ensaios clínicos estão em curso e as primeiras respostas podem surgir já em 2024.
São muito eficazes, mas têm dois custos. Um é o preço, os injetáveis são caros e não estão comparticipados. Outro são os efeitos secundários. Há pessoas que abandonam a medicação porque passam dias inteiros maldispostas ou a vomitar. Há quem não consiga levantar-se da cama por causa das tonturas e até relatos de pensamentos suicidas associados à toma. Estes fármacos estão indicados para pessoas com excesso de peso e obesidade, mas há muita gente a fazê-los só por vaidade, sem que existam estudos que provem que são seguros quando não há doença.
Ozempic está indicado para a diabetes tipo 2 e está também a ser usado para combater a obesidade em Portugal e noutros países. Infarmed lembra que em Portugal não está aprovado como medicamento para perda de peso. Nos EUA e no Reino Unido existe ainda o Wegovy que apenas tem indicação para a obesidade.
Aprovado e comparticipado para tratar a diabetes tipo 2, o semaglutido está em ruptura de stock, e já custou €26 milhões ao SNS. Associação Protetora dos Diabéticos mostra preocupação, mas vinca a necessidade de uma "abordagem integrada" ao problema da obesidade.
Maria Barreto gasta todos os meses 240 euros num medicamento que lhe reduz o apetite e já a fez perder 22 quilos. Há novos fármacos para o tratamento da obesidade que são eficazes e seguros, mas ainda nenhum é comparticipado. Estará para breve? Os especialistas consideram que o problema tem sido desvalorizado.