Contra a corrupção (questionário elementar)
Infelizmente a Justiça não destoa do quadro de desconcerto, burocratização, falta de planeamento estratégico, moleza e “faz de conta” em que vegeta a maioria das instituições nacionais.
Infelizmente a Justiça não destoa do quadro de desconcerto, burocratização, falta de planeamento estratégico, moleza e “faz de conta” em que vegeta a maioria das instituições nacionais.
Num texto de opinião publicado na SÁBADO, a antiga Procuradora-Geral da República e o procurador-geral adjunto jubilado apelam a que o Ministério Público dirija as investigações e à formação especializada dos magistrados.
Que estas efemérides, estas celebrações de calendário, sirvam pelo menos para isto, para avivar a análise dos males que nos afligem.
A insuficiência de meios, que é real, não tem a virtualidade de exculpar atitudes de menor dinamismo, quando não mesmo de ostensiva inércia. Até porque a estreiteza da manta orçamental e as atávicas deficiências de gestão nunca permitirão que esses meios sejam plenamente satisfatórios.
Temos mais do mesmo na tarefa de conter em parâmetros aceitáveis o fenómeno da corrupção: “um avião e um violino”, como nos versos de Natália Correia.
Constituirá a corrupção, nos dias de hoje, em Portugal, ameaça menos séria e plausível que o tráfico de droga ou o terrorismo?
O sistema de justiça enfrenta desafios complexos, até pelas transformações sociais e económicas verificadas nas últimas décadas.
O Ministério da Justiça andou mal, porque nos traz à memória a sentença de Tancredi, o príncipe cínico de Giuseppe di Lampedusa: “É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma”.
Livro de Eduardo Dâmaso, diretor da SÁBADO, lançado esta quarta-feira na Livraria Ler Devagar em Lisboa, com apresentação de Teófilo Santiago e Euclides Dâmaso.