Secções
Entrar

Tratado Orçamental demonstra tensão

26 de abril de 2017 às 20:41

PCP e Bloco de Esquerda consideram que Governo tem uma leitura muito fechada do Tratado Orçamental

O primeiro-ministro, António Costa, e o líder da oposição, Pedro Passos Coelho, voltaram ser protagonistas de alguns dos momentos tensos do debate quinzenal desta quinta-feira. Mas não foi apenas a oposição a importunar o chefe do Executivo: também os partidos da "geringonça" se mostraram críticos com o Programa de Estabilidade do Governo. 

Os momentos de tensão mais sonora só aconteceram no "duelo" do primeiro-ministro com o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que acusou António Costa e o Executivo de desrespeitarem o parlamento por não explicar a recusa em nomear dois membros do Conselho de Finanças Públicas (CFP).

E até adaptou uma frase do ex-ministro socialista Jorge Coelho - "quem se mete com o PS, leva" - para acusar o Governo de não respeitar nem o acordo do anterior Governo com o PSD, então na oposição, nem respeitar o parlamento, pela falta de respostas aos deputados.  Afinal, concluiu, o PS e Governo lidam "mal com as entidades independentes", lembrando as críticas de dirigentes socialistas ao organismo liderado por Teodora Cardoso.

Foi no debate com a líder do CDS, Assunção Cristas, que o questionou sobre uma "dívida escondida" na saúde, que Costa anunciou que o défice baixou mais 290 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano e que o excedente primário cresceu 280 milhões de euros.

Existe "tensão", diz Costa a Jerónimo
Mas o primeiro a falar de contradições foi, logo no início do debate quinzenal, o líder comunista, que apoia o Governo, mas apontou a "crescente contradição" entre as políticas de cumprimento das metas da União Europeia e a necessidade de crescimento económico. E foi aí que o primeiro-ministro preferiu usar o termo "tensão".

Jerónimo de Sousa até elogiou os "passos limitados" na "recuperação de rendimentos e direitos", mas questionou Costa sobre para quando o descongelamento de salários e da progressão nas carreiras da administração pública, o fim do "flagelo da precariedade" e do "saque fiscal", com a eventual revisão escalões do IRS.

"Não diria que há contradição, mas há, seguramente, tensão. Na nossa política económica, temos de prosseguir diferentes objectivos e cumprir diferentes compromissos. Aquilo que foi o sucesso de 2016 demonstra bem como é possível articular a eliminação nos cortes dos salários da função pública, nas pensões, a diminuição da carga fiscal e, simultaneamente, termos uma situação orçamental melhor do que a que tínhamos anteriormente", contrapôs o primeiro-ministro.

Ainda à esquerda, a líder do BE, Catarina Martins considerou haver uma "contradição" entre uma "leitura estrita" do Governo do Tratado Orçamental, traduzida no Programa de Estabilidade, e o acordo com os bloquistas. "Creio que há mais que uma tensão entre o Programa de Estabilidade e a posição conjunta que firmámos. Há uma contradição entre uma leitura estrita do Tratado Orçamental e o acordo que temos para parar o empobrecimento", afirmou, ouvindo como resposta do chefe do Governo que o PS iria respeitar os acordos com o Bloco.

Catarina Martins reclamou um reescalonamento do IRS, Costa anuiu, sem dar muitos pormenores, e admitiu negociar um Orçamento do Estado que seja fiel e capaz de parar o empobrecimento no nosso País". O Bloco, respondeu Catarina Martins, não vira as costas a negociar soluções no próximo Orçamento do Estado e Costa garantiu que, "pode ser difícil", mas quer cumprir o que acordou com os seus parceiros.

Quando chegou a sua vez, já quase no final da discussão, a deputada dos Verdes questionou o chefe do Executivo com a regionalização, que PEV e PCP defendem, através de referendo, afirmando que "não existem condições políticas" para repetir uma consulta popular.

À direita, a presidente do CDS acusou o Governo de falta de transparência, malabarismos e artimanhas, ao fazer cortes cegos e esconder despesa, nomeadamente na Saúde.  Uma resposta que motivou sorrisos na bancada do PSD foi quando o primeiro-ministro afirmou a Assunção Cristas que as cativações são um instrumento essencial à boa gestão orçamental.



Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela