Secções
Entrar

Sindicatos: greve da CP mostra "forte descontentamento"

02 de abril de 2015 às 09:36

Os revisores agendaram uma greve de quatro dias

A adesão à greve de hoje dos revisores da CP, para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996, ronda os 100%, disse à agência Lusa uma fonte sindical.

"Todos os trabalhadores afectos ao serviço de comboios referentes ao turno que começou às 23 horas e terminou às 08 horas estão com uma adesão de 100%. Há, sim, alguns trabalhadores que não são associados do sindicato que estão a fazer alguns comboios de longo curso"", disse à Lusa o presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial Itinerante.

De acordo com Luís Bravo, este nível de adesão demonstra o forte descontentamento dos trabalhadores. "A greve está a ter uma adesão muito forte, numa clara demonstração do grande descontentamento que os trabalhadores têm face à decisão da empresa após nove meses de negociação de não ter culminado com um acordo que visasse devolver aos trabalhadores a divida que estava confirmada pelos tribunais", explicou.

Em declarações à Lusa, hoje de manhã, a porta-voz da CP - Comboios de Portugal, Ana Portela disse que apenas seis dos 63 comboios programados circularam entre as 00:00 e as 06:00 de hoje devido à greve dos revisores da CP, adiantando que os Alfa Pendular e Intercidades estão a circular.

Os revisores CP agendaram uma greve de quatro dias (2, 3, 5 e 6 de Abril) para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996.

A esta paralisação vem juntar-se a greve ao trabalho em dia de feriado convocada pela Federação do Sindicato dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) para os dias 3 e 5 (sexta-feira Santa e domingo de Páscoa).

De acordo com a CP, as perturbações na circulação de comboios vão ser agravadas pela recusa da fixação de serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral, nomeado pelo Conselho Económico e Social.

Na sequência das greves, a circulação deverá começar a ser afectada, devendo os atrasos e supressões prolongar-se até terça-feira (7 de Abril) de manhã.

Os revisores CP agendaram uma greve de dois dias para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996.

O presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, explicou à Lusa na quarta-feira que a CP foi condenada, em várias instâncias, a restituir os complementos que não foram pagos aos trabalhadores no subsídio de férias desde 1996 e no subsídio de Natal entre 1996 e 2003, estimando uma dívida de cerca de dez milhões de euros aos revisores e trabalhadores das bilheteiras.

Sem possibilidade de recurso, a CP e os representantes dos trabalhadores sentaram-se à mesa para chegar a uma acordo "para a empresa pagar essa dívida de forma gradual" e, em reunião a 18 de março, os representantes do SFRCI foram informados de que a proposta de acordo ainda não tinha sido enviada à tutela, o Ministério da Economia.

"Nesse mesmo dia, decidimos quebrar a paz social, no período da Páscoa, com dois dias de greve, porque nestes nove meses de negociação, a administração criou a legítima expectativa de que os trabalhadores iriam ser ressarcidos e pensávamos que a empresa estava a proceder de boa-fé", explicou à Lusa Luís Bravo, acrescentando que "o sindicato tentou tudo para evitar esta greve".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela