Protecção Civil diz que relatório de Pedrógão tem erros e omissões graves
Segundo a ANPC ninguém de topo do comando nacional foi ouvido ou contactado pelos peritos da comissão. Protecção civil diz haver omissões graves, erros e contradições no relatório
A protecção civil recusa as críticas do relatório elaborado pela comissão independente criada pelo parlamento para analisar o que se passou no incêndio de Pedrógão Grande e aponta-lhe omissões graves, erros e contradições.
Segundo um documento da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC), a que tanto a rádioTSFcomo o jornalitiveram acesso e que terá sido enviado para o Ministério da Administração Interna, ninguém de topo do comando nacional da ANPC foi ouvido ou contactado pelos peritos da comissão.
De acordo com aTSF, o documento contesta quase 30 pontos do relatório da comissão técnica independente e diz que "as falhas apontadas, na prática, ou não existiram ou se traduzem em situações decorrentes da complexidade" do fogo de Pedrógão, que fez 64 mortos e mais de 250 feridos.
O documento acusa ainda a comissão independente de não ter chamado a prestar depoimento nem o comandante operacional nacional, que entretanto se demitiu, bem como outros "elementos absolutamente cruciais" naquele fogo.
A ANPC diz que o relatório da comissão tem "erros e omissões na análise dos factos que geram inclusivamente contradições de referência, confundindo as conclusões a reter" e considera que há partes do relatório que têm "o propósito claro de levar o leitor, cidadão comum, desconhecedor dos meandros da resposta operacional, a formular o juízo de que houve inépcia e inoperância do Comando Nacional de Operações de Socorro".
Neste documento, a ANPC pede que este desmentido seja tornado público, "por respeito às vítimas e ao bom nome da instituição e dos seus operacionais".
Segundo o jornali, junto com o documento, a ANPC enviou à tutela vários documentos que "comprovam os argumentos" apresentados. "No total, são 98 páginas que arrasam de forma detalhada, parágrafo a parágrafo, várias conclusões dos peritos", escreve oi.
O jornal acrescenta ainda que o facto de o documento não ter sido tornado público pela tutela faz com que alguns comandantes da ANPC questionem a isenção e as intenções dos peritos sobre as conclusões do relatório. "Aoi,alguns comandantes da ANPC salientam ainda que um dos membros da comissão de peritos é José Manuel Moura, que foi comandante nacional da protecção civil até final de Dezembro de 2016", acrescenta o jornal.
Um dos pontos que é negado pela ANPC diz respeito à paragem da fita do tempo apontada pelos peritos da comissão, que concluíram que o actual comandante operacional nacional, Albino Tavares, deu ordens para que, a partir das 4h56 do dia 18 de Junho, não fossem registadas informações na fita do tempo sem autorização prévia.
"Todos os alertas deveriam ser comunicados ao posto de comando por telefone, e só após validação do mesmo seriam ou não inseridos na fita do tempo", lê-se no relatório dos peritos da comissão independente.
Em resposta, a ANPC nega tal conclusão e diz que a decisão de Albino Tavares foi "transferir para o posto de comando todas as informações inseridas na fita do tempo, deixando de ser registadas a partir de Leiria, onde é o comando distrital, devido às dificuldades de comunicações", escreve o jornal.
"Isto porque, caso as decisões fossem introduzidas na fita do tempo a partir de Leiria, 'eram susceptíveis de originar erros ou omissões de localização/missão e/ou constituição das forças efectivamente empenhadas no terreno'", acrescenta o diário, citando a o documento de resposta da ANPC.
Ainda de acordo com esta resposta da ANPC, "esta terá sido a explicação que Albino Tavares deu aos peritos, não sendo a justificação de 'excesso de informação' que se lê no documento dos peritos".
A ANPC diz que naquela tarde de 17 de Junho era "impossível ao Comando percepcionar a evolução extrema do incêndio", algo que, defende, também é assumido noutras partes do relatório da comissão independente. "A resposta inicial não foi lenta, nem rápida, mas a possível e aconselhável no momento em que a mesma foi desencadeada", defende a Protecção Civil.
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