Secções
Entrar

Petição para que Portugal reconheça Palestina entregue no Parlamento

Lusa 24 de junho de 2025 às 14:10

O documento, proposto por 163 personalidades de todos os quadrantes da vida social, política e cultural, foi entregue por um grupo de peticionários, entre eles Sampaio da Nóvoa.

Uma petição assinada por mais de 12.000 pessoas a pedir que Portugal reconheça o Estado da Palestina foi entregue hoje no Parlamento, que deverá debatê-la assim que houver disponibilidade, disse hoje um dos peticionários.

LUSA

O documento, proposto por 163 personalidades de todos os quadrantes da vida social, política e cultural, foi entregue por um grupo de peticionários, entre eles o antigo candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa e o consultor e antigo jornalista José Vítor Milheiros, à vice-presidente do Assembleia da República, Teresa Morais.

Sampaio da Nóvoa deixou o Parlamento sem aguardar pelos jornalistas, pelo que coube ao antigo jornalista do Público reafirmar o conteúdo da petição.

 "Queremos o reconhecimento, por Portugal, do Estado da Palestina, juntando-se a 149 países do mundo que já representam mais do que a maioria da ONU que já o reconhecem e que Portugal se comprometa com as deliberações do Tribunal Penal Internacional [TPI] relativamente à Palestina", disse Vítor Malheiros.

Além disso, prosseguiu, no que diz respeito ao cumprimento dos mandatos de captura contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o respetivo ministro da Defesa, Yoav Gallant, exige-se que Portugal "não permita o trânsito material bélico que possa ser usado por Israel na Palestina, como forma de pôr um travão ao genocídio que está em curso".

Portugal é um dos 15 países da União Europeia (UE) que não reconhecem o Estado da Palestina, um tema que divide os Estados-membros, que apoiam no entanto a solução dos dois Estados para o conflito israelo-palestiniano.

Vítor Milheiros salientou, por outro lado, que há outras questões na Palestina que são levantadas na petição, nomeadamente a questão dos reféns feitos pelo Hamas, "algo igualmente inaceitável". 

"No entanto, nada daquilo que é feito por Israel contribui para a solução desse problema, nada contribui para a libertação dos reféns e, pelo contrário, apenas aumenta a violência e torna o problema ainda mais dificilmente solucionável. Israel não parece interessado na resolução do problema, nem sequer na resolução do problema dos reféns", sustentou.

"Não é esta agressividade, não são estes massacres de civis palestinianos que aumentam a probabilidade de os reféns serem libertados. Isto é algo inaceitável. É uma questão política, mas, acima de tudo, uma questão moral. A primeira coisa a fazer é confiar no Estado da Palestina e depois fazer pressão em todos os fóruns possíveis para que se encontrem uma solução negociada para a paz", acrescentou Vítor Milheiros.

Para o consultor de comunicação, a petição, que, politicamente, envolve personalidades da quase totalidade dos quadrantes políticos, a guerra em Gaza "não é uma questão de esquerda ou direita, não é de forma nenhuma uma questão partidária, é uma questão básica de defesa do direito e de defesa da vida". 

Sobre o mesmo documento, a 18 deste mês e em declarações à agência Lusa, o advogado Ricardo Sá Fernandes tinha acusado o Governo de exercer uma "diplomacia de medricas".

"Neste momento, aquilo que é efetivamente urgente é que pare o extermínio do povo palestiniano, pare a limpeza étnica que está ali a ocorrer [em Gaza] e isso é feito pelos palestinianos, mas também é feito pelos judeus, pelos israelitas, pelos cristãos, por todas as pessoas que acreditam na paz e têm o sentido de humanidade que está a faltar ao mundo", afirmou Ricardo Sá Fernandes, um dos promotores da petição à Assembleia da República "sobre o reconhecimento do Estado da Palestina".

O ataque do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023 causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns, segundo as autoridades israelitas.

A operação militar israelita na Faixa de Gaza já provocou mais de 55 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela