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Pedro Strecht: Vítimas de abusos sexuais não pediram indemnizações, mas terapia

Raquel Lito , Leonor Riso 13 de fevereiro de 2023 às 14:23

Presidente da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica afirma que tempo de criação do relatório foi o possível.

O relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica foi divulgado no site Dar Voz ao Silêncio. A segunda parte da sua apresentação pelos membros da comissão liderada por Pedro Strecht foi dedicada às perguntas e respostas dos jornalistas, durante as quais o pedopsiquiatra frisou que as vítimas não pediram indemnizações, mas a continuidade da terapia. 

A socióloga Ana Nunes de Almeida destaca que os membros da comissão tiveram como referência os relatórios de outros paises e que, em França, houve muito mais tempo para dazer o trabalho: três anos. Os franceses alargaram ainda o campo de análise a outras áreas de socialização das crianças, como as escolas. Em Portugal, os abusos registados no seminário têm mais peso que na amostra francesa. 

O presidente da comissão indicou que o tempo ao longo do qual foi criado o relatório - menos de um ano - foi o possível. Na lista dos abusadores que será entregue à Igreja, não vai figurar o das pessoas ainda vivas. Recorde-se que dos 512 testemunhos validados, 25 seguiram para o Ministério Público, no total. 

Pedro Strecht relatou ainda que muitos casos ocorreram em seminários porque antigamente, estes eram uma via para as famílias mais pobres de colocar os filhos a estudar. 

No relatório, que tem 485 páginas, figuram muitos casos de vítimas que não identificaram os abusadores. 

Questionado sobre se a comissão não iria indicar ao Vaticano que outros países devem criar estas comissões de investigação, Pedro Strecht respondeu que quem rodeia o Papa, munido deste tipo de informação como estará, pode dar esta indicação. 

A socióloga Ana Nunes de Almeida demonstrou ainda surpresa pelas palavras do responsável pela pastoral juvenil, o padre Filipe Diniz, que disse acreditar que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) "não será" afetada. Defende que o relatório devia constar nas palestras do evento para sensibilizar as pessoas a denunciarem casos de abusos sexuais. Foi mais longe e destacou que era importante que bispos e sacerdotes tomassem a palavra para falar deste tema e apelar ao testemunho nas homilias. 

O psiquiatra Daniel Sampaio afirmou ainda que as vítimas, apesar de serem todas descritas de forma anónima no relatório, podem sofrer ataques de ansiedade porque o assunto acaba por ser abordado na Comunicação Social. Por isso, deve ser divulgada a mensagem que, caso as pessoas se sintam ansiosas, devem procurar apoio psicoterapêutico ou encaminhar-se às urgências de psiquiatria mais próxima da sua residência.

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