Operação Marquês: Primo de José Sócrates diz que o dinheiro é seu
Pinto de Sousa esteve mais de seis horas a ser interrogado, contestando a versão do Ministério Público que acredita serem de Sócrates os milhões que aquele movimentou em várias contas bancárias.
José Paulo Pinto de Sousa, primo deJosé Sócratese arguido na Operação Marquês, afirmou na terça-feira ao juiz que era dono do dinheiro que o Ministério Público diz pertencer ao antigo primeiro-ministro, segundo fonte ligada ao processo.
Pinto de Sousa esteve mais de seis horas a ser interrogado no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, na fase de instrução do processo, dirigida pelo juiz Ivo Rosa, contestando a versão do Ministério Público (MP) que acredita serem de Sócrates os milhões que aquele movimentou em várias contas bancárias, algumas na Suíça.
Para o MP, José Paulo Pinto de Sousa, que está acusado de dois crimes de branqueamento de capitais, em coautoria com José Sócrates, Ricardo Salgado, Helder Bataglia e Carlos Santos Silva, aceitou, a troco de dinheiro e a pedido do antigo primeiro-ministro, que várias contas bancárias, algumas sediadas na Suíça, fossem utilizadas para movimentar fundos do ex-governante, com o objetivo de ocultar a origem e o destinatário.
O MP acredita que José Paulo Pinto de Sousa entregou nove milhões de euros ao antigo primeiro-ministro através de várias contas 'offshore', sendo o seu primeiro "testa de ferro", antes do amigo de ambos e também arguido Carlos Santos Silva.
O arguido contraria a posição do MP e, segundo a fonte, disse que o dinheiro que depositou em Portugal, nomeadamente em contas do BES, era seu e não do primo.
Esta foi a primeira vez que o arguido foi interrogado pessoalmente em Portugal, já que durante a investigação o MP só o conseguiu questionar através de carta rogatória enviada para Angola e depois de ultrapassadas algumas dificuldades na sua localização.
Joaquim Barroca, ex-administrador do Grupo Lena, é o último arguido do processo a ser ouvido em tribunal, em 18 de fevereiro.
A Operação Marquês conta com 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas - e está relacionada com a prática de mais de uma centena e meia de crimes de natureza económico-financeira.
José Sócrates está acusado de crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.
Na Operação Marquês foram ainda acusados, entre outros, o empresário Carlos Santos Silva (apontado como "testa de ferro" de Sócrates), o ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca, Zeinal Bava, ex-presidente executivo da PT, Armando Vara, antigo deputado e ministro e ex-administrador da CGD, Henrique Granadeiro (ex-gestor da PT) e José Paulo Pinto de Sousa (primo de Sócrates).
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