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Mariana Lobato 'trocou' a vela pela confeção de cógulas e máscaras

08 de abril de 2020 às 10:56

"Acho que todos podemos contribuir de alguma maneira e esta foi a forma que encontrei de contribuir, ficando em casa obviamente", explica a atleta.

A velejadora olímpica Mariana Lobato trocou, por estes dias, os barcos pela máquina de costura e meteu mãos à obra na confeção de cógulas e máscaras para o Hospital de Santa Maria, ajudando assim no combate à covid-19.

Colocando em prática a arte de costurar, aprendida "aos oito anos com a avó", Mariana Lobato já forneceu a primeira remessa da sua produção caseira, constituída por 30 cógulas e outras tantas máscaras, ao Hospital Santa Maria, mas pretende chegar a mais hospitais e profissionais de saúde.

"Quero ajudar, não consigo ficar parada a olhar. Acho que todos podemos contribuir de alguma maneira e esta foi a forma que encontrei de contribuir, ficando em casa obviamente", sublinha.

Para tal, após o primeiro teste de produção levado a cabo durante dois dias, a velejadora pediu ajuda nas redes sociais por forma a alargar o leque de contribuições, para compra do material específico necessário, e de mão de obra.

Após falar com vários médicos da família e amigos também profissionais de saúde, Mariana Lobato diz ter percebido existir "muita falta de material, sobretudo de cógulas e máscaras", sentindo-se assim ainda mais motivada para ajudar à sua maneira.

"Há médicos a trabalhar desprotegidos e alguns que, como não têm condições, não estão a atender as pessoas como gostariam e, isso, é um problema que nos toca a todos. Comecei a pedir ajuda e já produzi uma grande encomenda", revela, admitindo esperar contar com a colaboração de mais membros da sua família no projeto solidário.

"Quantos mais, melhor, e, todos juntos, faremos uma força brutal. Vamos tentar chegar a mais costureiras da família e todos os que quiserem ajudar são bem-vindos", sublinha, divulgando que "os moldes oficiais e aprovados pelos médicos estão disponíveis online no site da Maria Modista para qualquer pessoa, que queira ajudar, e poder fazer de acordo com as exigências certificadas."

De quarentena em Torres Vedras, em casa dos sogros, a atleta portuguesa desdobra-se entre os cuidados com os dois filhos pequenos, Bartolomeu de quatro anos e Carolina de quatro meses, a preparação física diária, com treinos de uma hora e meia, e a máquina de costura.

"Não tem sido fácil, é preciso muita disciplina e organizar o dia para dar conta de tudo. Os meus sogros vão ajudando, é preciso dar atenção às crianças, mas é sobretudo muita disciplina e alguma dor de cabeça também. Mas é para um bem maior e vale a pena", frisa Lobato, que costura "em média quatro horas por dia, enquanto a bebé faz as suas sestas."

Tendo em conta que a iniciativa de confeção de material para os profissionais de saúde arrancou no último fim de semana, Lobato admite ainda não ter bem delineado o processo de entrega das encomendas.

"Estou a gerir com algumas amigas e primas médicas para ver qual a melhor forma de fazer as entregas e quais são as prioridades nos vários sítios, sabendo que, por exemplo, no INEM há ambulâncias que não saem por não haver material e os profissionais não estão protegidos, o que é assustador. Estamos a tentar ver prioridades para tentar colmatar algumas falhas. Sei que isto não tem um fim à vista, é sempre difícil chegar a todos, mas estamos a tentar fazer a nossa parte", sublinha.

A solidariedade por parte das pessoas, conta, já se fez sentir, sobretudo "com imensas contribuições para a compra de material", mas espera ainda uma maior mobilização, "porque isto é de todos e para todos."

"Não sou só eu. É com todos que conseguimos chegar a mais gente, a mais profissionais de saúde e a mais hospitais. Estando em casa, se tirarmos nem que seja uma hora por dia para dedicar a isto, já faz a diferença. E temos de fazer a diferença neste momento", defende a velejadora que representou Portugal nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou 12.442 pessoas em Portugal, das quais 345 morreram.

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