Secções
Entrar

Marcelo preparou refeições e vestiu sem-abrigos

12 de novembro de 2017 às 18:25

De avental e luvas a preparar refeições ou de colete, sentado no chão, a conversar com quem vive na rua, o Presidente da República vestiu o fato de voluntário e esteve no terreno com instituições que apoiam os sem-abrigo.

De avental e luvas a preparar refeições ou de colete, sentado no chão, a conversar com quem vive na rua, o Presidente da República vestiu, sábado, o fato de voluntário e esteve no terreno com instituições que apoiam sem-abrigo.

1 de 5
Foto: José Sena Goulão/Lusa
Foto: José Sena Goulão/Lusa
Foto: José Sena Goulão/Lusa
Foto: José Sena Goulão/Lusa
Foto: José Sena Goulão/Lusa

Esparguete à bolonhesa, beringelas recheadas (para os vegetarianos) e castanhas assadas - porque estamos no São Martinho - compunham a ementa que os voluntários da CASA - Centro de Apoio aos Sem-Abrigo, em Sete Rios, em Lisboa, prepararam no sábado ao final da tarde.

Mas na cozinha de onde diariamente saem mais de 460 refeições, a agitação foi maior do que o habitual, já Marcelo Rebelo Sousa trouxe consigo, além do 'staff' presidencial, muitos jornalistas, tornando o trabalho de cozinheiros e voluntários um pouco mais difícil do que o habitual.

"É muito sovina, põe pouca massa", atirou o Presidente da República, no seu jeito descontraído, para uma das voluntárias.

Vestido a rigor - com avental branco da CASA e de luvas, por cima do fato e gravata azul - Marcelo serviu massa, recheou beringelas, mas foi a pôr a carne nos recipientes de alumínio que encontrou a sua vocação na cozinha da CASA.

Depois da preparação das refeições, tempo de arrancar para uma cantina social localizada no Largo de Santa Bárbara.

À chegada, o avental já tinha dado o seu lugar a um colete reflector, onde se lia Comunidade Vida e Paz nas costas, e antes do jantar, Marcelo não perdeu tempo a carregar as caixas com as refeições.

Após um rápido jantar, o Presidente da República seguiu para o Jardim Constantino, logo ali a 500 metros, onde se demorou a conversar com um senhor que perto dos seus 80 anos vive na rua e está sinalizado pela Comunidade Vida e Paz.

A caminho da carrinha - lugares sentados que o próprio chefe de Estado distribuiu - Marcelo recordou que ousou dizer algo, que foi considerado "uma loucura", que foi que até 2023 se reduzisse "drasticamente o número de sem-abrigo".

Sobre plano de acção para a integração das pessoas sem-abrigo - que o Presidente da República fez questão de sublinhar que era "para estes dois anos, para o final de 2017 e 2018" - a bola passou para o Governo, concretamente para a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, que acompanhou todo o 'périplo' de cinco horas.

"A nossa previsão é que o plano possa estar aprovado e homologado até ao final deste mês e permita que periodicamente todas as entidades públicas e instituições possam ir dialogando, trabalhando em conjunto", garantiu a secretária de Estado aos jornalistas.

Em Regueirão dos Anjos uma visão pouco habitual: o Presidente da República sentado no chão, com as pernas "à chinês" e uma parede cheia de grafitis atrás, de mãos dadas a um angolano que está a viver na rua.

Marcelo ajudou até a que experimentasse o casaco que a Comunidade Vida e Paz lhe trouxe, dando opinião sobre o tamanho, a cor e o quão quente era o abrigo.

Quando já se tinha deslocado dois metros para o lado, voltando a sentar-se no chão para confortar um ganês que não tem os seus documentos, chegou um grupo de moradores para oferecer pão e bolos, mas que queriam sobretudo agradecer ao Presidente da República "pelo trabalho que faz".

"É o primeiro político ao longo destes mais de 40 anos de novo regime que tem a coragem de vir para a rua e se sentar no chão com as pessoas", elogiou depois, em declarações à agência Lusa, o morador Frederico Guerreiro.

A última paragem deste longo percurso foi na Praça da Figueira, já perto da meia-noite, havendo tempo para uma demorada "audiência" com um apaixonado por História.

Nelson de Jesus Ferreira até "ganhou" a promessa de uma visita ao Palácio Belém, mas o principal objectivo era que Marcelo Rebelo de Sousa fosse visitar uma antiga capela devoluta, onde chegou a viver de forma ilegal, para que o espaço seja preservado.

Vive agora num "pequeno cubículo", que o Presidente da República ainda tentou ir visitar, mas que Nelson disse estar desarrumado e rejeitou educadamente, pedindo "imensa desculpa" a Marcelo.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela