Marcelo diz que solução de Governo à direita nos Açores "não é a ideal"
Presidente da República diz que solução encontrada nos Açores não desrespeita a Constituição, mas não responde se gosta dela. PSD desmentiu negociações entre Rio e Ventura para um acordo na região.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu esta sexta-feira que a solução à direita para um governo de direita nos Açores "não é a ideal".
"Para quem como eu tem tido um mandato preocupado em fazer pontes, em reforçar a moderação, o aceitar como boa a alternativa mas evitar a radicalização, é evidente que não é uma solução ideal aquela que significa uma coisa diferente", disse o Presidente da República, quando questionado sobre a solução de governo na região, que integra PSD, CDS e PPM, e que é viabilizada pelo Chega e pela IL no parlamento regional.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas antes de se reunir com empresários do setor do turismo, restauração e hotelaria da região Centro, no Luso, concelho da Mealhada.
O Presidente da República realçou que a solução encontrada "era a única solução constitucional".
"Como única solução foi aquela que o senhor Representante da República acolheu. Gostar de é uma coisa diferente. Nem o Representante da República nem o Presidente da República tinham de gostar ou desgostar", acrescentou.
Antes disso, o representante da República para os Açores já tinha declarado que "nunca recebeu", a propósito das recentes eleições no arquipélago, o presidente do Chega, André Ventura, tendo mantido contactos "exclusivamente" com responsáveis do partido nos Açores.
"Os contactos que o representante da República teve com o Chega foram exclusivamente com elementos da sua estrutura regional, nunca tendo tido qualquer contacto ou recebido qualquer comunicação da estrutura nacional daquele partido", indica em nota o gabinete do Representante da República, Pedro Catarino.
O acordo parlamentar firmado entre o PSD e o Chega para a viabilização do próximo executivo açoriano tem sido notícia nos últimos dias.
Esta sexta-feira, o Expresso noticiou que Rui Rio esteve envolvido no acordo do PSD com o Chega de André Ventura para o governo nos Açores e que tudo começou numa reunião em Lisboa entre o deputado único do Chega e o líder parlamentar do PSD, Adão Silva.
No entanto, à TSF, a comissão política nacional do PSD desmentiu que tenha havido conversas entre as direções nacionais dos dois partidos.
O representante da República no arquipélago, Pedro Catarino, indigitou no sábado o líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional, na sequência das eleições de 25 de outubro, justificando a decisão com o facto de a coligação PSD/CDS-PP/PPM (26 deputados) ter o apoio parlamentar do Chega (dois deputados) e do Iniciativa Liberal (um deputado), garantindo assim maioria absoluta no hemiciclo regional, com 29 dos 57 lugares.
O PS venceu as eleições legislativas regionais, no dia 25 de outubro, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.
A instalação da Assembleia Legislativa está marcada para 16 de novembro.
Depois da tomada de posse do governo, que deverá acontecer até final de novembro, o programa do executivo terá de ser entregue na Assembleia Legislativa em 10 dias.
José Manuel Bolieiro, presidente indigitado, já declarou que irá divulgar oportunamente os acordos firmados para a viabilização do executivo.
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