Secções
Entrar

Familiares de vítimas ponderam processar o Estado

24 de julho de 2017 às 08:11

Familiares das vítimas de Pedrógão Grande criticam a falta de informação e de acompanhamento psicológico

Familiares das vítimas de Pedrógão Grande criticaram este domingo a falta de informação e de acompanhamento psicológico, numa reunião para debater os estatutos da futura associação de vítimas, na qual ponderaram avançar com um processo colectivo contra o Estado.

1 de 3
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

O encontro aconteceu em Figueiró dos Vinhos e juntou familiares das vítimas do incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, a 17 de Junho, para definir os estatutos da futura Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande.

Na reunião, os presentes criticaram a ausência de informação útil, a burocracia, a não divulgação da lista oficial de vítimas mortais e a falta de apoio psicológico, disse à agência Lusa uma das promotoras do movimento, Nádia Piazza, que perdeu o filho na tragédia.

Em cima da mesa, acrescentou, esteve também a possibilidade de se criar um memorial às vítimas e de se avançar com um processo colectivo contra o Estado, mas Nádia Piazza sublinhou que essa decisão ainda terá de ser pensada.

"Vamos ver como é que agora as investigações vão decorrer. Mas isso [será] com calma, que é preciso deixar quem está no terreno trabalhar", disse.

Na reunião de hoje, foram relatados vários casos "de falta de apoio psicológico, sobretudo para crianças, mas também para adultos", contou, sublinhando o caso de um casal que perdeu o filho no incêndio e foi obrigado a pagar taxas moderadoras para receber apoio psicológico.

"Na prática, em termos de saúde, as pessoas estão sozinhas. Elas é que têm de ir atrás de apoio psicológico", notou Nádia Piazza, que até agora "nunca foi contactada para o que quer que fosse".

"É surreal", protestou aquela que é uma das promotoras da futura associação, sublinhando que não é por dificuldade de contacto que a situação surge, já que os familiares mais diretos das vítimas deixaram os seus dados junto das autoridades.

Nádia Piazza alertou ainda para o facto de os familiares não terem acesso à lista oficial das vítimas do incêndio, para além de haver falta de "informação concisa e útil" para as pessoas.

Na reunião, que contou com a participação de cerca "de 30 a 40 pessoas", ficaram definidos os estatutos, sendo que a Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande deverá ficar formalmente constituída a 13 de Agosto, numa assembleia geral que se vai realizar em Vila Facaia, no concelho de Pedrógão Grande, informou.

O incêndio que deflagrou a 17 de Junho em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois.

Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela