Secções
Entrar

Estudantes de Coimbra decidem se garraiada continua na Queima das Fitas

12 de março de 2018 às 11:36

As mesas espalhadas pelas faculdades e departamentos da Universidade de Coimbra vão estar abertas entre as 10:30 e as 18:30 no dia 13 de Março.

O referendo sobre a continuidade da garraiada no programa da Queima das Fitas de Coimbra decorre na terça-feira, entre as 10:30 e as 00:00, com mesas de voto em todas as faculdades da Universidade de Coimbra.

1 de 3
Foto: Cofina Media
Foto: Cofina Media
Foto: Cofina Media

As mesas espalhadas pelas faculdades e departamentos da Universidade de Coimbra vão estar abertas entre as 10:30 e as 18:30, sendo que a votação decorre também entre as 19:30 e as 00:00 na sala de estudo da Associação Académica de Coimbra, num referendo organizado pela Comissão Organizadora da Queima das Fitas (COQF), que propôs a abolição da garraiada.

A decisão de propor a abolição da garraiada surge depois de, em 2016, a garraiada ter sofrido algumas alterações (foi retirada a lide do novilho a pé e a cavalo), face a protestos e discussão no seio da academia contra a realização do evento.

Para o presidente da direcção-geral da Associação Académica de Coimbra (AAC), Alexandre Amado, "não faz sentido hoje perpetuar uma tradição dessas, assente em práticas que desrespeitam a dignidade dos animais".

"A AAC sempre valorizou a tradição, mas sempre entendeu conseguir mudá-la quando estava mal. É uma tradição que não está adequada ao nosso tempo e não me parece que seja um cartão-de-visita positivo. A garraiada não tem em consideração o bem-estar animal", disse à agência Lusa Alexandre Amado, frisando que esta é a sua posição pessoal, sendo que a direcção-geral da AAC "entendeu que, institucionalmente, não faria sentido interferir".

Alexandre Amado aponta também para um "argumento lateral", que é a questão financeira: "A garraiada tem causado um prejuízo significativo de 20 a 30 mil euros por festa".

O dux do Conselho de Veteranos, João Luís Jesus, referiu que também o órgão que lidera optou por não tomar uma posição antes do referendo, recusando-se a divulgar a sua posição pessoal sobre a matéria.

"A posição pessoal será tomada no boletim de voto", respondeu.

Nas redes sociais, têm surgido páginas a defender posições a favor e contra a garraiada.

Uma, intitulada "Coimbra dos Estudantes", defende a manutenção da garraiada, alegando que o evento "não causa danos nos animais".

A garraiada "é uma brincadeira com saltos e pegas", afirma a página, sublinhando que estão em causa "valores" pelos quais "tantos se bateram na história da Universidade de Coimbra".

Por outro lado, o movimento Queima das Farpas apela há largos anos pela abolição da garraiada da Queima das Fitas.

"Qualquer tradição merece ser encarada com espírito crítico e avaliada à luz dos conhecimentos de hoje e não dos que lhe deram origem. Deste modo, sempre estranhámos que na academia coimbrã persistisse a mancha tauromáquica. Principalmente quando percebemos que a mesma tem sido sustentada pelo argumento da tradição - que por si só é completamente vazio, não se sustenta sem outros motivos", defende o movimento, que diz que a garraiada não é mais do que um "exercício de violência gratuita contra animais".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela